sábado, 12 de maio de 2012

Vijay Govindarajan: Como criar o futuro ainda no presente



Durante a ExpoManagement 2010, palestrante instiga os participantes a pensarem se suas empresas são, de fato, estratégicas e inovadoras
Vijay Govindarajan, um dos principais experts do mundo em estratégia e inovação, reforça que pensar a estratégia e a inovação no ambiente corporativo está além da definição da missão da empresa e de uma boa governança corporativa.
Ele acredita que atuar de forma estratégica e inovadora depende do modo como a empresa administra as ações do presente, a forma como ela analisa o passado e como prospecta o futuro, sugerindo aos participantes que olhem estas três atividades da empresa como caixas gerenciais. “Estratégia tem a ver com as caixas dois e três e o modo como você cria o futuro ainda no presente”, diz Govindarajan.
Esta análise permeia o modo como os produtos competirão no futuro, uma vez que sofrem influências não lineares que podem mudar todo o cenário econômico de um país e até do mundo, em alguns casos.  A exemplo, estão as inovações tecnológicas que redesenham mercados e alteram o perfil do consumidor e as necessidades de compra. Outro exemplo de mudança não linear são os concorrentes não tradicionais que ditam novas tendências e criam novas oportunidades de mercado.
Para ele, as grandes dificuldades de multinacionais em atuarem em mercados emergentes, está em repensar o modelo de negócios não apenas com uma adaptação local ou como uma segmentação de seus produtos. “Quando se busca atuar em um outro país é preciso saber que há uma grande descontinuidade que pode exigir da empresa negócios diferenciados”, alerta o palestrante.
Em mercados como o da India e China, que prospectam crescimento agressivo nas próximas duas décadas, Govindarajan menciona a atuação da Tata Motors, que trabalha em um projeto para atender uma nova fatia do mercado indiano, o de consumidores que andam a pé, e que teriam dinheiro apenas para comprar uma motocicleta. Com isso, criou-se o Tata Nano, um projeto de veículo de baixo custo – em torno de US$ 2.500,00 – que promete criar uma mudança não-linear no mercado chinês e provocar uma ruptura em todo o mundo.
Outro exemplo mencionado pelo palestrante foram as negociações da Microsoft com a Enciclopédia Britânica. Com o intuito de digitalizar a principal fornecedora de livros de enciclopédia, a empresa de Bill Gates buscou oferecer o conteúdo em formato de CD, mas não obteve sucesso nas negociações. Em resposta, buscou parceria com a Encarta, outro fornecedor de enciclopédias, e disponibilizou no mercado o produto com custo bem abaixo dos US$ 3.000,00 cobrado pelos livros da Enciclopédia Britânica.
“Neste caso, atribuo o problema da Enciclopedia Britânica à caixa 2, pelo fato de a competência básica ter se tranformado num passivo. O medo de canabalização fez com que a empresa se esquecesse de perceber que o mercado estava mudando”, diz Govindarajan. Ele comenta, ainda, que quanto mais sucesso a empresa obtem na caixa 1 mais dificuldades ela encontra para fazer um bom trabalho nas caixas 2 e 3.
Como alternativa, sugere o desafio de se quantificar projetos presentes na caixa 1, avaliando de que modo é possível passá-los para as caixas 2 e 3, tranformando-os em estratégia e inovação. Para isso, é necessário estudar o negócio essencial da empresa, as atividades adjacentes e quais são os espaços novos a serem conquistados, promovendo, inclusive, uma avaliação sobre o equilíbrio destes horizontes. Depois, é preciso planejar de que modo sonhos, metas e projetos serão arriscados pela empresa, que deve ser embasado na quantidade de sinais e na forma como estas premissas de tornar sonhos viáveis serão conduzidas.
Sonhar com 100% de confiança além de saudável, pode driblar sinais fracos e promover grandes rupturas no mercado. Entretanto, para começar a atuar com a gestão estratégica e de inovação, o ideal é arriscar pouco para fracassar pouco, mas em maior número de palpites, com o intuito de colocar grandes sonhos à prova.“A concorrência para o futuro tem a ver com os primeiros 400 metros de largada em uma corrida e não na projeção dos próximos 20 anos”, conclui Govindarajan.

Foto: Lola Studio
HSM Online
10/11/2010
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Fonte: http://hsm.com.br/artigos/vijay-govindarajan-como-criar-o-futuro-ainda-no-presente

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