sábado, 12 de maio de 2012

A parceria é o caminho no mundo interconectado



A consciência da necessidade de transformação atinge cada vez mais pessoas, une organizações e as atrai para uma revolução cujos líderes são inovadores de qualquer parte do mundo ou da hierarquia organizacional. Essa ideia é defendida por Peter Senge, palestrante da HSM ExpoManagement 2011.
A interdependência que existe entre empresas, organizações sem fins lucrativos e instituições governamentais nunca foi tão evidente. A crise econômica mundial que eclodiu em 2008 e nossos tantos desafios ambientais e sociais nos ajudaram a ver com mais nitidez, pois descortinaram fragilidades da Era Industrial. Esse é um período que se extinguirá, conforme a “revolução necessária” para uma economia sustentável se estabeleça. Segundo Peter Senge, presidente da SoL (Society for Organizational Learning), essa transformação já começou, mas há muito a ser feito e, quanto mais nos demorarmos, mais dolorosas poderão ser as mudanças.

Senge desenvolve essa ideia no livro A Revolução Decisiva: como indivíduos e organizações trabalham em parceria para criar um mundo sustentável (ed. Campus-Elsevier). A obra é dedicada aos “inovadores inspirados de toda parte, que estão mostrando a todos nós o caminho para um futuro diferente”. O autor afirma que esses inovadores de todo o mundo são minoria na sociedade, mas que, ao contrário do que ocorreu em períodos anteriores, as sementes que já foram plantadas não levarão muito tempo para amadurecer e espalhar-se no mundo interconectado. A revolução tem pressa.

Mas de que revolução esse acadêmico do MIT (Massachusetts Institute of Technology) fala? O movimento que ele observa origina-se em um despertar coletivo para novas possibilidades, uma consciência nova que muda a maneira como as pessoas veem o mundo, seus valores, seu entendimento sobre o progresso e o modo como a sociedade é organizada.

“Uma ansiedade profunda e uma inquietação começam a preponderar. As pessoas sabem que nossa sociedade, as instituições e as empresas estão no caminho errado em aspectos essenciais”, diz o autor. Ele se refere a padrões de consumo e produção danosos que logo tornarão o desequilíbrio ainda mais agudo.

No entanto, Senge afirma estar satisfeito com o fato de o despertar para a revolução ter chegado ao mundo dos negócios, que vem se dando conta de que está inserido num sistema maior. As empresas começam a notar que só fará bem unir sua expertise comercial ao conhecimento que organizações de natureza não comercial têm sobre as sociedades e o meio-ambiente para responder ao desejo dos consumidores de ter acesso a produtos que denotem mais responsabilidade. “Parceria” é, portanto, um conceito central no pensamento atual do pesquisador. É também tema da palestra que realizará na HSM ExpoManagement 2011, que acontecerá nos dias 7, 8 e 9 de novembro em São Paulo.

A revolução necessária não acontecerá da noite para o dia, e sequer sabemos se teremos tempo hábil. O que sabemos é que não temos tempo a perder. Porém, diante de tantos desafios, muitos lutam para restabelecer o estado anterior de coisas. Senge pondera: “Felizmente, as sociedades não são monolíticas. Ao mesmo tempo em que muitas empresas resistem a mudar métodos e tecnologias, e que governos se recusam a implantar os controles necessários e indivíduos se opõem à mudança em seu estilo de vida, outros se perguntam como tudo poderia ser”.
Os líderes da revolução

A criação de um futuro mais sustentável assenta-se sobre o seguinte tripé:

1. As gerações futuras: as empresas não podem esperar atuar no futuro sem levar em consideração os grandes problemas que se colocam entre o presente e o futuro.
2. As instituições: a liderança necessária para fechar a lacuna que existe entre o pensar sob a perspectiva da interdependência e a capacidade de agir em conformidade a essa visão está surgindo de organizações com e sem fins lucrativos e, não raro, da parceria entre elas.
3. Novos modos de pensar e perceber: as pessoas que formam instituições terão de trabalhar de maneira diferente da costumeira, a partir de novas perspectivas e mentalidades.

“Tendo a natureza, e não as máquinas, como inspiração, os inovadores de hoje estão mostrando como criar um futuro diferente”, e o fazem com base em três capacidades que sustentam a mudança de pensamento:

1. De enxergar os sistemas amplos aos quais pertencem.
2. De colaborar para além de qualquer fronteira.
3. De criar, em vez de solucionar problemas reativamente.

Não é fácil identificar os líderes da transformação. Com frequência, não são os que ocupam posições de poder formal nas hierarquias corporativas. “Mas são indivíduos apaixonados que lutam por transformar suas organizações de baixo para cima”, observa Senge. Eles aprenderam na vivência concreta como a organização para a qual trabalham funciona, bem como os fatores de desequilíbrio que são mais próximos ou urgentes em seu local de atuação, e desejam genuinamente atuar sobre tais aspectos.

Têm, contudo, humildade para saber o que alguém sozinho pode alcançar. O autor ainda os caracteriza como pessoas de mente aberta e pragmáticas, que não creem em soluções rápidas, superficiais ou que sejam movidas pela emoção.

Em entrevista concedida ao site Support, o estudioso deixou claro que o desenvolvimento dos líderes necessários passa por mudanças nos sistemas de ensino. Para que ela ocorra, é preciso que as empresas, como stakeholders das escolas, exerçam pressão: “Dada a necessidade de mudarmos produtos, modelos de negócios e consumo de energia, que mudanças são necessárias no ensino? Quais são as capacidades que devem ser nossas ambições para a educação neste século?”

Subjacente a esse questionamento está, mais uma vez, a parceria –entre o mundo corporativo, as escolas e as instâncias governamentais ligadas à educação.

Referências:

BENEDICT, Faye. “A conversation with Peter Senge”. Support Partnership and Participation for a Sustainable Tomorrow. Disponível online: <http://support-edu.org/node/425>. Acesso em 8 jan. 2011.

SENGE, Peter et al. A Revolução Decisiva: como indivíduos e organizações trabalham em parceria para criar um mundo sustentável. Tradução Afonso Celso da Cunha Serra. Rio de Janeiro: Campus-Elsevier, 2009.

SENGE, Peter. “The Necessary Revolution”. Leader To Leader Journal  n. 51. Disponível online: <http://www.pfdf.org/knowledgecenter/journal.aspx?ArticleID=753>. Acesso em 9 jan. 2011.


Por Alexandra Sousa, administradora de empresas e diretora da Palavra-Mestra.
Portal HSM


Fonte: http://www.hsm.com.br/artigos/parceria-e-o-caminho-no-mundo-interconectado

Nenhum comentário:

Postar um comentário