sábado, 12 de maio de 2012

Lessig: Quem é o dono da sua marca?


Como transformar e o modo de lidar com a propriedade intelectual na era digital
Lawrence Lessig explicou em sua palestra no Fórum HSM de Negociação 3.0 como a criatividade acontece dentro de ecologias e ambientes diferentes. “Umas propiciam a troca, outras não tem dinheiro e algumas misturam a falta para impulsionar as mudanças”.
O que garante uma ecologia profissional que impulsiona a criatividade é a profissionalização ou, ainda, os que criam pelo amor à criação e não para ganhar dinheiro. “São pessoas que criam pela economia do compartilhamento”. Para esses criadores, o dinheiro não está no cerne do que fazem e sim na essência de fazer.
O que importa é que essas são ecologias que não dependem de controle ou dinheiro e sim do direito e da liberdade de construir sobre a criatividade. Há também o modelo híbrido, em que é possível fazer uma mescla entre compartilhamento e modelo comercial, e cada vez mais existe esta necessidade de um tentar alavancar o outro.
Em busca do valor justo
Lessig mencionou o case do Flickr, que incentiva o compartilhamento de fotos e esta no DNA do negócio. “Quando o Yahoo comprou o Flickr, queria ganhar dinheiro com o compartilhamento”. E este padrão vai começar a ganhar espaço em toda a parte.
“A Amazon.com, é um modelo híbrido ou comercial?”, questionou, deixando a pergunta: “Será que as pessoas vão lá para comprar ou para ver a opinião das pessoas que já compraram, o que elas têm a dizer?”.
O professor citou, ainda, o exemplo de blogueiros que trabalham gratuitamente para produzir jornalismo e vender valor, e enfatizou que o modelo híbrido produz uma ecologia que depende da justiça.
“A partir do momento que as pessoas compartilham com outras e geram valor comercial, elas se perguntam: com que direito? E isso gera uma série de conflitos”. A grande questão é como fazer isso sem que as pessoas se sintam usadas ou exploradas, e achem todo este processo justo?
Para Lessig, a chave é reconhecer como essas ecologias coexistem e se complementam, garantindo liberdade para esses criadores. “É preciso mais incentivo para os profissionais e mais liberdade para os amadores”.
Entretanto, ele lembra que a legislação fracassou praticamente em todas as partes do mundo para assegurar os direitos dos artistas à liberdade de criação devido a um foco estreito demais e à arquitetura da lei e concepção dela.
“No ambiente digital, tal arquitetura não faz o menor sentido e cada uso do trabalho criado produz uma “cópia”. Assim, o uso regulamentado e justo ficou estranho, porque a plataforma mudou e o escopo da regulamentação da lei permaneceu o mesmo. A nova geração viola a lei dos direitos autorais o tempo todo”, afirmou.
Guerra de direitos autorais
Um dos 50 maiores visionários dos Estados Unidos acredita que os terroristas são os nossos filhos nesta guerra e, preocupado, chama a atenção para o modelo fracassado desta arquitetura.
“Está na hora de atualizar a lei para que ela faça sentido na era digital. A propriedade intelectual da marca entra em conflito com a liberdade de expressão sobre o uso livre da própria marca”. O ponto, agora, é reconhecer como as estratégias são diferentes, qual dessas estratégias vai construir fidelidade e inspirar as pessoas a seguirem o seu site, produto e serviço.
“Você não é mais dono da marca e compartilhar esta propriedade pode significar mais dinheiro para você. A estratégia do controle que fazia sentido no passado não faz mais hoje e o controle excessivo enfraquece o lucro do seu negócio”, alerta.
A guerra dos direitos autorais deve ser processada em busca da paz, pensando de uma maneira mais eficaz a proposta com o fim de discriminalizar o compartilhamento de arquivos.
“Os artistas teriam mais dinheiro e as empresas teriam mais competitividade e os pais não teriam produzido uma nação de criminosos. Precisamos mapear o futuro da lei do futuro do direito autoral e as tecnologias precisam fazer sentido e se tornar parte de um ambiente condizente com a realidade em que vivemos”.
Para ele, nem tanto a insanidade e nem tanto o abolicionismo. Apenas um uso justo. “Os nossos filhos crescem com proibições e vivem uma vida contra a lei, e isto é corrosivo e fere a lei do estado e da democracia. Precisamos de líderes que vão liderar para mudar o sistema”, finalizou.
Portal HSM
24/08/2011
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Fonte: http://www.hsm.com.br/artigos/lessig-quem-e-o-dono-da-sua-marca

Ver mais: http://www.hsm.com.br/cobertura-eventos/280478

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