segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Qualidade De Vida Influenciando Na Melhoria De Resultados


Uma aparência tranqüila, um tom de voz estável. O cenário perfeito para quem acredita que a qualidade de vida é essencial para um bom trabalho. Um profissional de Recursos Humanos que entende o ser humano como um todo, incluindo suas fragilidades, para ampliar sua função na empresa. Um profissional que vê no funcionário motivado uma fonte de inovações. Alguém que acredita que o ambiente de trabalho exerce total influência na satisfação e na produtividade dos colaboradores, independentemente das funções exercidas. Este é Pinato.

Com a participação da vice-presidente executiva do Grupo Catho, Silvana Case, que acompanha o mercado de internet desde seu início, o jornal Carreira & Sucesso entrevistou o diretor de Recursos Humanos do portal Terra, F. Pinato Neto.

O mercado o chama de Pinato. Ele gostou e incorporou a identidade. Muitos nem sabem qual é o seu primeiro nome. Respondendo como diretor de Recursos Humanos do portal Terra desde o início da internet, ele viu a explosão, a implosão e a consolidação da rede. "Estou no Terra desde o começo, tendo participado destes momentos da internet, o que me faz ser antigo no segmento", afirma.

Sempre julgou seu trabalho interessante. Hoje, Pinato está inserido em várias atividades dentro do Terra, em função da estrutura da corporação. "O Terra Lycos tem um corporativo nos Estados Unidos e, como profissional de Recursos Humanos do Brasil, me reporto a eles, o que considero muito interessante para a minha carreira", explica. Existe também um corporativo do Terra na Espanha, mais exatamente em Madri, onde Pinato atua para a América Latina. "O RH da Espanha é mundial, cuida das 150 empresas do Grupo Telefônica, e estabeleceu a criação de um comitê de RH para cada país onde o grupo atua. Este comitê é composto pelas várias linhas que fazem parte dos negócios da Telefónica mundial, que tem como principal missão, desenvolver projetos".

Atualmente, Pinato está apaixonado pelo projeto que desenvolve: Políticas de Recursos Humanos para o Grupo Telefônica Brasil. "Tenho trabalhado como coordenador deste projeto. No caso do Terra, estamos começando do zero, e no caso de algumas empresas do Grupo, as políticas estão sendo atualizadas, modernizadas e customizadas para a nova realidade do mercado", afirma Pinato. 

Portanto, ele tem muito trabalho: se reporta aos Estados Unidos, trabalha para a América Latina e para o Brasil e coordena o projeto de RH para as empresas do Grupo Telefônica.

Se viaja muito?

"Não. Fazemos muitas audioconferências, praticamente todas as semanas. Viagem mesmo, faço duas por ano. A tecnologia agilizou e facilitou os contatos, evitando viagens excessivas."


ERA UMA VEZ, ANTES DO TERRA...


Pinato é formado em Economia. Antes de entrar no Terra, atuou como estagiário em duas empresas. "Naquela época, era muito fácil conseguir emprego..." De família do interior, Pinato passou no vestibular e veio estudar em São Paulo, capital. Dois anos depois, já estava em seu primeiro estágio – foi quando saiu de férias e voltou para São Paulo com a idéia fixa de que precisava arrumar um emprego. Em meio dia conseguiu seu primeiro estágio. "Fui a uma agência de emprego e me mandaram para a empresa na mesma hora. Fiz uma entrevista com o gerente de RH e já fiquei trabalhando", lembra Pinato. Para ele, isso era normal, mesmo sem ter referência alguma do mercado e estar no segundo ano da faculdade.

No terceiro ano, a Camargo Corrêa fez um recrutamento em todas as faculdades da USP – Universidade de São Paulo –, onde Pinato estudava. Eles buscavam dez estagiários para o projeto de uma obra que ficava na divisa de São Paulo e Minas Gerais. "Fui um dos escolhidos, e passei um mês trabalhando em Águas Vermelhas. O estagiário que mais se destacasse neste período ficaria com a vaga de estágio na empresa. Este era o nosso desafio, e eu fui o escolhido", explica. Daí para frente, Pinato deslanchou na empresa até chegar à diretoria de Recursos Humanos. Passou por várias épocas e estilos de negócio e foi aprendendo e agregando valor à carreira em cada um deles. Deixou a Camargo Corrêa em 1998. 

Foi quando recebeu uma ligação de um headhunter - a ligação veio a calhar, pois Pinato queria tentar uma segunda carreira numa empresa de serviços. "Queria algo diferente, mais dinâmico; só não esperava que fosse na internet e que fosse tão dinâmico!", brinca.

A chegada no Terra foi um teste. Ninguém tinha experiência com a internet na época. "Apostei e estou aqui até hoje. Concordo que a rede está passando por um momento difícil, uma série de sites implodiram na rede. Mas o Terra não é e nunca foi uma empresa aventureira. É um negócio de risco, mas é justamente por isso que gosto dele. A base sólida do Grupo dá segurança aos colaboradores". 


MAS O QUE UM ESTAGIÁRIO DE ECONOMIA, QUE TRABALHAVA NUMA OBRA, FOI FAZER NA ÁREA DE RECURSOS HUMANOS?

Para responder a esta pergunta, Pinato nos contou uma história:

"Era uma época de ideologia dos economistas da USP. Tínhamos uma visão totalmente diferente da realidade; foi o momento do fim do regime militar, entre outras coisas.
Tínhamos uma ideologia que não era barata, voltada para valores importantes. A gente questionava muito, como todo bom economista (risos).

Dentro da minha ideologia, meu sonho era trabalhar numa empresa para melhorar a distribuição de renda das pessoas que lá trabalhavam. Um sonho um tanto ingênuo, mas a área de Recursos Humanos era a minha oportunidade para fazer isso."

Foi então que Pinato nunca mais saiu mais da área, e também nunca pensou em mudar de carreira. "Acabou virando uma missão para mim: acho que consigo dar contribuições efetivas para as pessoas atuando no RH", conclui. Quando questionado se já teve que mudar algum plano durante sua trajetória profissional, Pinato afirma que nunca pensou nisso. 

Outro trabalho interessante sobre o qual falou com muita satisfação foi ter assumido a diretoria da ABRH – Associação Brasileira de Recursos Humanos, onde era responsável pelo desenvolvimento do temário do ConaRH - Congresso Nacional de Recursos Humanos, realizado anualmente. "Foram dois mandatos, totalizando seis anos de atuação. Era eu e o Marco Aurélio Viana; ele era da estratégia e eu, do desenvolvimento; aprendi muito e sei também que contribuí para fazer do ConaRH um evento de significância para o setor, sempre voltado para pessoas, a essência das organizações", afirma.

Para Pinato, a questão do desenvolvimento é estratégica em qualquer organização. É uma área para a qual ele dá muita atenção. "Sempre vai existir alguém precisando de desenvolvimento. Sempre existirá uma mudança importante neste sentido". 


TODO MUDANÇA É UMA OPORTUNIDADE

E por falar em mudança, talvez esta seja a maior paixão de Pinato: enxergar as mudanças como uma oportunidade de recomeçar, renascer. Na Camargo Corrêa, sempre enxergou as grandes mudanças pelas quais a empresa passou com muito otimismo. Foram mudanças estratégias, e ele participou de todas. "Nestas ocasiões, tive que trabalhar com as pessoas e com a maneira como elas enxergavam e lidavam com as mudanças. Eram situações complicadas e problemáticas justamente porque a maioria das pessoas vê a mudança como o fim de tudo. Para mim, é o recomeço".

Pinato nunca fez a mesma coisa por muito tempo, e talvez por isso saiba bem lidar com mudanças. "Nunca me imaginaria passando dez anos fazendo a mesma coisa", resume. 


PINATO HOJE

"Na Camargo, era tudo diferente, mas a  experiência que tive lá me ajudou muito aqui, pois desenvolvi vários projetos. E estamos falando sobre seres humanos, o principal produto do RH, aplicável a todo e  qualquer negócio".

Pinato acredita que sua experiência no RH da Camargo fez com que ele passasse a entender o ser humano e suas particularidades. "Mexer com o lado psicológico e com a auto-estima das pessoas foi fantástico para a minha carreira, e eu trouxe toda esta experiência para o Terra". 

A internet apresentou a Pinato uma nova linguagem que, até então, ele não conhecia, mas sempre com a mesma base: pessoas. 

Ao chegar ao Terra, Pinato encontrou um estilo totalmente diferente das empresas que conhecia. Teve como missão explicar aos funcionários que havia sido criado um departamento de RH na empresa para tratar de assuntos relacionados a estruturas, salários e contratações. "Eu não conhecia as pessoas e tinha que comunicar a elas que as mudanças deveriam ser feitas. Imagine a minha situação! A experiência da mudança durou mais do que eu pensava, e foi um processo de conquista".

Mas a catequese serviu também para ele. Desde o início da carreira, muitos conceitos foram transformados. A principal mudança foi o foco no negócio, sem a qual o RH se inviabiliza, na opinião de Pinato. 


O SUCESSO

Para Pinato, uma das principais competências hoje em dia é a qualidade no relacionamento. "Recentemente, tive acesso ao resultado de uma pesquisa feita com altos executivos de empresas do mundo todo. Perguntaram a eles quais seriam as competências que eles gostariam que os profissionais tivessem para serem contratados por suas empresas. O resultado foi uma lista de 68 competências. E eu me pergunto quando um ser humano vai conseguir acumular todas estas 68 competências?".

Quando fala sobre relacionamento, Pinato se refere à maneira como o gestor lida com seus profissionais. E cita uma experiência muito interessante, baseada no autoconhecimento e de como prover feedback. As duas juntas têm uma força poderosa na maneira de se relacionar. "O ser humano gosta e precisa se sentir importante, valorizado, reconhecido. E quando isso acontece, ele se compromete mais com o seu trabalho", afirma Pinato. 

Ele acredita que quando existe um ambiente de trabalho onde o gestor não é visto como chefe, mas como parte integrante da equipe, como um profissional que reconhece e envolve as pessoas, é mais fácil ter funcionários motivados e sucesso na corporação. "As pessoas se motivam e se empenham mais neste clima organizacional. Esta é a chave para o sucesso de uma organização. O funcionário coloca sua criatividade em prática porque sente que vale a pena; entra em projetos porque sabe que existe a possibilidade de ser ouvido", finaliza.

Pinato define o sucesso como a diferença entre o que foi planejado e o que foi realizado. "Quanto mais perto da realização dos planos traçados, mais perto você está do sucesso". Pensando assim, Pinato se sente realizado profissionalmente. Se, para chegar ao topo, ele precisou abrir mão de algo, afirma que, se o fez, foi inconscientemente. "Não fiz sacrifício algum. A relação custo x benefício sempre foi positiva para mim. Sempre fiz o que gosto, fui respeitado e valorizado, atingi e superei expectativas".

Planos para o futuro?

Pinato vê duas possibilidades: expandir um pouco sua atuação no Terra para a América Latina e trabalhar no Terceiro Setor. "Acredito que o Terceiro Setor é um espaço para o qual posso contribuir de maneira interessante. Em termos de futuro, pode ser por aí". 


A INTERNET COMO MERCADO DE TRABALHO 

Hoje, Pinato não imagina mais o mundo sem a internet. A globalização exige isso, segundo ele. "Com a internet, é como se não existissem fronteiras. Há uma dependência muito grande por parte das pessoas com relação à rede. É um caminho sem volta", opina Pinato.

Para o Terra, os planos para o futuro é se tornar o destino online mais visitado do mundo. "Nós nos mantemos no mercado de trabalho porque sempre lançamos produtos novos e tentamos sair na frente".

O Terra Lycos está presente hoje em 42 países e a unidade no Brasil está em primeiro lugar em termos de resultados.

Mas, como qualquer outro negócio, a internet tem seus altos e baixos."E mesmo com toda a adversidade do mercado, o Terra vem registrando crescimento todos os anos, conquistando novos assinantes e fidelizando clientes com serviços e produtos sempre inovadores", afirma. Hoje, em termos de assinantes e de audiência, o Terra está em segundo lugar como provedor (considerando-se a internet paga).

Como mercado de trabalho, Pinato acredita tratar-se de uma área para quem gosta de desafios. "Esta é uma indústria ainda muito nova. Estamos construindo a história da internet no dia-a-dia, o que requer alguns pré-requisitos, como facilidade para lidar com mudanças bem rápidas, ser flexível e criativo". Esta é a dica! 

Publicado em: 30/09/2009 - 
Comunicação Catho Online.

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