quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

REDEFININDO O QUE É UM LÍDER

PALESTRA DE KEN O'DONNELL – REDEFININDO O QUE É UM LÍDER
(palestra de lançamento do livro “O Espírito do Líder”)
São Paulo/SP
Maio de 2009


Este tópico foi desenvolvido baseado nas lideranças dos dias de hoje. Podem existir pessoas que ocupem cargos de chefia, mas que não têm em seu coração o espírito de ser um líder. O verdadeiro líder é aquele que faz qualquer coisa para ajudar os outros, aquele que cria mais benefícios do que prejuízos. Então, neste contexto, já se começa a ser reduzido o número de possíveis líderes neste mundo. Pode acontecer que um presidente de um país vai para o cargo, esquecendo-se dos outros; um ministro também. Uma pessoa que é capaz de tocar os corações, mover as pessoas numa direção elevada... este é um verdadeiro líder.
Certa vez  estive numa palestra  em Londres  e tive dificuldade para traduzir a expressão “acontecimentos fortuitos”: uma descoberta aparentemente acidental, mas que traz muitos benefícios. Estava dando o exemplo de um cientista chamado Goodyear, o qual deu seu nome à marca de pneu. Certa vez ele estava mexendo com a borracha e tinha a intuição de que a borracha poderia servir para alguma coisa. Então, mexendo aqui e ali, deixou cair por acidente um pouco de enxofre e daí descobriu a borracha vulcanizada para fazer o pneu. Um acidente que virou uma descoberta.
Comecei então a pensar: De que forma alguém é capaz de gerar uma influência, a fim de que uma coisa boa aconteça? Pois esta é a essência de ser um líder! Aquele que trabalha para que uma coisa boa possa acontecer.
Neste sentido, através do modo como nós somos, criamos o nosso mundo. A maioria das pessoas está presa pelas suas crenças. A nossa sabedoria tem limitações. As limitações são as nossas crenças. Certa vez tinha uma manchete enorme em um dos jornais de Belo Horizonte, a respeito da gripe suína. Eu observei todo mundo se questionando: “Será que vou ser pego por esta gripe?” É possível que nós fiquemos olhando o mundo numa perspectiva bem pequena e limitada desse modo. 
Um dos maiores autores da literatura inglesa, Charles Dickens, tem uma obra chamada: “A história de duas cidades”. É uma história baseada na época da Revolução Francesa, de um cidadão que ficava alternando  entre Paris e Londres. Na história ele acaba perdendo sua cabeça. As primeiras linhas da obra diziam:
Foi a época da sabedoria ou da tolice?
Foi a época da fé ou da incredulidade?
Foi a estação da luz ou das trevas?
Tínhamos tudo ou não tínhamos nada?
Assim, tudo depende de como encaramos cada coisa: Eu posso procurar a esperança, eu posso procurar sabedoria, eu posso procurar a fé... este é o nosso ofício!
Qual é o sentido da vida de cada de um? Será que sou um custo ou um benefício? Custo para os outros, para o meio ambiente e para a sociedade? Ou será que estou contribuindo para a sociedade?
Na verdade, eu posso ser o líder de mim mesmo, o líder da minha família, o líder que serve de inspiração para os outros. Eu posso residir no coração de poucas pessoas ou posso residir no coração de muitas pessoas. Assim, as pessoas começam a me ver como alguém confiável, no qual elas se inspiram para fazer o bem; ou pelo menos respeitam a minha opinião.
Para ser líder não basta apenas ficar falando, é preciso falar e agir! Você pode notar em si mesmo: Se você começa a falar e as pessoas não dão atenção para aquilo que você fala, é porque você não tem muito com o que colaborar! Pode ser que os outros pensem: “Ah não! Lá vem aquele cara que gosta de falar abobrinhas!” Mas, se você fala e as pessoas prestam atenção no que você fala é porque você está com o espírito de liderança.
  
Uma pessoa que se diz líder está sempre  pensando: O que eu posso aprender? Ela está aberta para mudar as suas percepções. Uma das características para isto é ser um observador desapegado.
Todos  nós temos  um  potencial criativo. Mas todos  nós  podemos usar ainda mais o  nosso potencial.  Não é uma coisa que eu vá inventar, mas  algo que tenho que redescobrir. No entanto, com que finalidade? O que se pode dizer do potencial destrutivo? Eu imagino que os cientistas que criam coisas destrutivas imaginam que estão usando a sua criatividade. Mas, do 
que adianta criar uma coisa que destrói? A energia criativa positiva tem a ver com o Criador. 
Deus cria! Eu crio coisas à imagem de Deus.
Para explorar meu potencial criativo, a primeira coisa que tenho que fazer é me desligar de tudo que está acontecendo ao redor: compromissos, trabalho, família, etc... e voltar minha atenção a mim mesmo. Pois, de outro modo, com tudo girando tão rápido ao redor, eu fico longe de mim mesmo; eu saio de um problema e vou para o outro.
  
Então a primeira coisa que devemos fazer é nos desligar de tudo isto o que está acontecendo! 
Junto com isso, se eu ajudo alguém a fazer  o mesmo,  estarei expressando o espírito de liderança! As pessoas precisam de poucas coisas para serem felizes: Elas querem ser ouvidas, elas querem ser compreendidas e elas querem ser amadas! Se eu  ajudo  outras pessoas a serem melhores, eu estou melhorando a mim mesmo!
Sabemos que é difícil encontrar alguém totalmente estável, que não perde a cabeça com nada. 
Ao redescobrir minhas qualidades internas, posso entendo que ninguém pode tirar aquilo de mim. Aquele que menos perde a cabeça nos momentos de instabilidade é o verdadeiro líder! 
Muitas vezes não é aquele que tem o maior cargo! 

Não quer dizer que o líder seja frouxo. Ele é firme nos seus objetivos, mas é doce! O que acontece é que a firmeza costuma vir com a rispidez e a doçura com a frouxidão. Assim, um líder é aquele que tem equilíbrio! Por isto, ele é alguém vivendo de dentro para fora. Por exemplo, se eu tenho talento para inspirar as pessoas para a arte e a música. Eu descobri que 
tenho este talento, mas ainda não o coloquei em prática. Então, preciso encontrar uma forma de aplicar este talento. O ato de servir tem que estar presente neste conceito de liderança. O mundo é muito grande! O campo de possibilidades é enorme! Basta eu me colocar à disposição e querer ajudar os outros a crescerem!

Na origem deste livro, eu estava com um grupo de executivos de uma grande empresa multinacional. Estávamos tentando ajudar as vítimas do tsunami em Sri Lanka. Eles estavam com o coração na mão e tentando entender:
- Será que eu posso fazer alguma coisa?
Ficamos quatro dias na selva, sem celular, internet ou até mesmo eletricidade. Conversando com o presidente desta empresa, a Unilever, sobre a fome no mundo, refletimos que muitas vezes aprendemos sobre a  administração, técnicas de gestão, etc. mas não aprendemos a amar os outros! O que poderíamos aprender com a natureza ali? Por exemplo, o que podemos 
aprender com uma pedra? Estabilidade, constância, paciência... O que podemos aprender com uma árvore? 
Daí eu comecei a pensar na paisagem dentro de mim mesmo! Será que sou capaz de ver o meu pântano? Ou será que só consigo ver o pântano dos outros? A verdade é que muitas vezes só vemos os defeitos dos outros e não vemos os nossos.
Eu preciso me conectar a algo que tenho de bom para produzir algo positivo externamente. 
Assim, temos que nos conectar à grandeza que temos dentro de nós! Do contrário, seja com as pessoas em casa  ou no trabalho, ficamos apenas reclamando. À medida que eu vou soltando as minhas amarras – a opinião dos outros, a aprovação dos outros, etc. – sou capaz de fazer isso. A minha essência é boa e é isto o que preciso mostrar para o mundo!
O meus papeis na sociedade são comportamentos temporários para transformar o mundo!
No entanto, é necessário sensatez. Querer ser perfeccionista é um convite para o sofrimento, ao querer que o mundo caminhe do jeito que você quer!
Então, qual líder eu sou? Será que estou ajudando a criar um mundo novo? 
O líder é uma pessoa confiável em momentos difíceis. Uma pesquisa mostrou que a maioria das pessoas não quer mais liderar. Querem apenas seguir. Todo mundo quer que apareça alguém para mostrar o caminho para a “salvação”. Mas não é assim! As respostas não estão prontas!
Cada pessoa é um mundo. Se estou no comando de vinte pessoas, estou no comando de vinte mundos. Assim, nas relações eu preciso de três coisas:

A capacidade de entrar rapidamente nas situações;
A capacidade de observar;
A capacidade de tomar decisões e confiar nelas.

Se eu consigo fazer isto, eu sou um líder!
Um supervisor pode comandar as habilidades dos outros, resolver os problemas rotineiros, comandar os "músculos" alheios, executar um projeto, etc. No entanto, não quer dizer que necessariamente seja um líder! Um líder comanda a alma. O ser humano tem uma complexidade de confiança entre as partes.
Se o meu coração é grande, a ponto de todo mundo caber nele, posso entender que tenho essa liderança nata em mim!


Fonte: http://www.bkwsu.org/media/brazil/palestras/Ken_200905.pdf

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