sábado, 14 de janeiro de 2012

Barcelona e a Escola da Ponte

Barcelona e a Escola da Ponte

Publicado em 24/12/2011 às 02:18Fonte: DiárioWeb
Muitos se perguntarão: o que tem em comum, um time de futebol e uma Escola? Nada dirão alguns. Ou tudo, argumentarão educadores observadores. Ao ver o jogo da decisão entre Santos e Barcelona - eu, que pouco ou nada entendo desse esporte - paixão nacional de 99 entre 100 brasileiros - e atenta aos comentários dos especialistas e críticos - só ouvia “esta é uma aula de futebol”. A seriedade, o profissionalismo, a ausência de glamour, a perseverança e, principalmente o aproveitamento das derrotas para transformá-las em lições para se atingir o sucesso, me trouxeram lembranças da Escola da Ponte. Ao entrevistar o educador e mentor professor José Pacheco, este fez questão de frisar que levaram quase 30 anos, com muitas rejeições por parte de autoridades educacionais de Portugal e quiçá do mundo, para implantar a filosofia, as ideias e o novo modo de fazer educação. Perseverar, formar, capacitar, criar equipes, valorizar o individual, sem se esquecer que tanto futebol, como educação são atividades do coletivo, da coesão da sinergia. Ao ler sobre o Barcelona, ficamos sabendo que vários de seus hoje profissionais, iniciaram na Escolinha de Futebol mantida pelo clube, aos 12, 13 anos de idade. Remetemo-nos à nossa visita à Escola da Ponte, quando entrevistamos pais, professores e alunos, estes já em fase de saída da escola, cursando, o que seria nosso 9º ano. Que estudam lá desde a fase inicial de sua escolarização, ou seja, desde os 5 a 6 anos de idade. Que conhecem a filosofia da Escola, orgulham-se de pertencer a esse projeto. Professores totalmente envolvidos e participantes, conhecedores dos valores da Escola, a humildade, a simplicidade, e o empenho em fazer acontecer uma educação de qualidade, que já foi avaliada inclusive pela Universidade de Coimbra, tendo obtido o melhor resultado de todo o país. 


O Barcelona, com esta mesma filosofia - obstinação, persistência, foco, desglamourização - faz com que pensemos, ao vê-los jogar, que é fácil fazer um futebol de primeira linha. Não é não. Assim como também não é fácil fazer uma educação de ponta. É preciso empenho, envolvimento, capacitação, treinamento, disciplina, equipe, liderança, muita técnica, respeito ao próximo, envolvimento, paixão, comprometimento e orgulho de pertencimento. Explicando melhor, tanto no time do Barcelona, como na Escola da Ponte, fica muito evidente que possivelmente, é aplicado o conceito de empoderamento, tradução do “empowerment” ou seja, a crença internalizada das pessoas de que são capazes de realizar seus projetos pessoais e coletivos, apesar dos desafios apresentados. Isto é construído no cotidiano das relações através de pequenas práticas como, identificar e valorizar as capacidades das pessoas e conquistas, independente do tamanho, do trabalho em andamento. Enfim, são atitudes simples que vão fortalecendo as pessoas, nas suas crenças internas. O Barcelona e a Escola da Ponte, nas suas atividades, aparentemente tão díspares, são hoje um exemplo para o mundo de como se faz algo com qualidade, tendo como base uma educação baseada em valores, capacitação, qualidade técnica e, principalmente, comprometimento. 


CORINTHA MARIA BARRETO MEDEIROS Educadora; Rio Preto

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