sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

O que um headhunter pode oferecer à empresa e ao profissional?

Por Patrícia Bispo para o RH.com.br 



O mercado apresenta um processo acelerado de mudanças e os reflexos são observados não apenas dentro das empresas, mas também fora delas. Afinal, é preciso encontrar o profissional certo para ocupar cargos em curto espaço de tempo. A questão é: será que a pessoa contratada atenderá às expectativas da organização. Dados da ABRH Nacional apontam que hoje o número de empresas especializadas em Executive Search é oito vezes superior a 2005. "O aumento das empresas especializadas em Executive Searchdeve-se às mudanças das estruturas de RH das empresas, que com a modificação da economia reduziram o quadro de pessoas, tendendo a terceirizar esse serviço", argumenta Eraldo Benazzi, gerente regional da Brain - Inteligência em Talentos - consultoria de hunting que caça talentos em todas as regiões do país.
Em entrevista concedida ao RH.com.br, Benazzi cita que, atualmente, a grande maioria das empresas, que hoje presta consultoria em Executive Search, é dirigida por altos executivos que deixaram as empresas para serem donos do próprio negócio, conhecem todo o funcionamento de Recursos Humanos e querem gerar soluções que não conseguiam na época em que estavam à frente da área de RH. "A mão de obra qualificada está escassa e é aí que entram os caçadores de talentos, atendendo não só mais à grande, como também à pequena e à média organização", sintetiza. Durante a entrevista, ele aponta as vantagens de se recorrer às consultorias deExecutive Search e como o profissional deve proceder no momento em que ele recebe uma proposta de um "caça talentos". Confira a entrevista na íntegra e tenha uma boa leitura!

RH.com.br - De acordo com a ABRH Nacional o número de empresas especializadas em Executive Search, hoje, é oito vezes maior em relação ao ano de 2005. Por que ocorreu esse crescimento tão acentuado?
Eraldo Benazzi - As primeiras consultorias de Executive Search começaram a explorar o mercado no final dos anos 90 e até, então, tratava-se de algo muito novo, considerado até arriscado por muitos gestores de Recursos Humanos, pois as cifras envolvidas eram altas e poderiam até gerar uma concorrência entre os próprios profissionais de Recursos Humanos e a consultoria que encontrava o candidato com maior facilidade. Hoje isso mudou. O mercado brasileiro está cada vez mais maduro. A economia do Brasil continua crescente e fortemente solidificada aos olhos dos investimentos estrangeiros. Com isso, muitos investidores chegaram ao Brasil prontos para aproveitar esse momento, gerando a incessante busca por resultados imediatos, o que impulsionou o aumento considerável do número de empregos, tanto para cargos operacionais como para posições estratégicas, bem como a transformação da política de administração corporativa no Brasil. Com a evolução, o departamento de Recursos Humanos, que antes era considerado um centro de custos, deixou de ser responsável apenas pela contratação e demissão de funcionários e se tornou uma área estratégica, gerando lucros expressivos para as companhias. Para otimizar o tempo, o setor de RH ou de Talentos assumiu um novo papel, dispondo de mais autonomia e orçamento para desenvolver um planejamento estratégico. A solução para suprir a procura por mão de obra capacitada é oferecida pelas consultorias que dispõe de equipes especializadas para a busca incessante de talentos, fazendo com que as companhias não percam tempo com escolhas erradas nem o foco nos resultados. O aumento das empresas especializadas em Executive Search deve-se também às mudanças das estruturas de RH das empresas, que com a modificação da economia reduziram o quadro de pessoas, tendendo a terceirizar esse serviço. Outro fator observado é que a grande maioria das empresas, que hoje presta consultoria em Executive Search, é dirigida por altos executivos que deixaram as empresas para serem donos do próprio negócio, conhecem todo o funcionamento de RH e querem continuar contribuindo e trazendo soluções que não conseguiam na época em que estavam à frente da área de Recursos Humanos.

RH - Esse aumento pelo Executive Search tende a continuar?
Eraldo Benazzi - Vai continuar sim. Os investimentos não param de chegar. Por outro lado, a área de Recursos Humanos passou a ser estratégica nas organizações preocupadas em como atrair, desenvolver e reter seus recursos, terceirizando as tarefas não centrais. São muitas companhias iniciando suas operações no Brasil mirando os eventos esportivos dos próximos cinco anos, a alta demanda por novas tecnologias, além do imenso mercado de óleo e gás e as novas fontes energéticas, o que está impulsionando o desenvolvimento de outras regiões do Brasil como é o caso das regiões Norte e Nordeste. O departamento de Recursos Humanos está cada vez mais enxuto e continuará não tendo braços suficientes para encontrar os talentos necessários. Com o aquecimento do mercado no Brasil e a recessão na Europa e nos Estados Unidos, os executivos expatriados, tendem a buscar o acesso ao mercado brasileiro através das empresas de Executive Search que detêm um grande número das posições executivas no mercado de trabalho. O aumento das consultorias é esperado pelo crescimento e aquecimento da economia no país. Porém, é possível que só quem tenha maior destaque na atuação e um trabalho diferenciado, de cunho consultivo e próximo ao cliente consiga crescer e se estabelecer como um grande player nesse mercado. Há espaço para todas, mas é necessário consolidar parcerias e criar estratégias inovadoras para se manter no longo prazo.

RH - Qual o perfil de empresas que recorrem ao Executive Search?
Eraldo Benazzi - No começo do Executive Search no Brasil, quem recorria para os headhunters eram as grandes companhias ou empresas que estavam chegando ao Brasil e já conheciam o modelo na Europa ou nos Estados Unidos. Muitos processos eram conduzidos diretamente pela matriz estrangeira dessas empresas junto aos escritórios das consultorias. Estamos passando por um momento de prosperidade, em que ninguém pode perder tempo ou correr o risco de escolher o profissional errado para sua empresa. A mão de obra qualificada está escassa e é aí que entram os caçadores de talentos, atendendo não só mais à grande, como também à pequena e à média organização. Diversas empresas em start up procuram o seu head de operações através das consultorias. Estamos conduzindo dezenas de processos para sete empresas em início de atividade no Brasil de distintos setores espalhadas nas cinco regiões do país. Com o aumento da busca pelo melhor profissional e oportunidades diversas, tem sido muito mais popularizado o conceito de Executive Search entre as empresas de diversos tamanhos e segmentos. Com o crescimento de empresas que buscam negócios no Brasil e a quantidade de oportunidades que o mercado oferece, tem surgido uma nova demanda para essas empresas, que são a busca por posições especialistas e não somente executivas. A preocupação atual das empresas é não perder o melhor profissional para um mercado aquecido e reter e fazer a melhor contratação. Com isso, recorrer às empresas especializadas para auxiliá-los, ficou cada vez mais constante.

RH - 
O crescimento de "hunting" no mercado implica que captar profissionais de talento tornou-se mais difícil?
Eraldo Benazzi -
 Muito mais difícil. No aquecido mercado, em que todos querem os melhores, dificilmente é possível encontrar um perfil diferenciado disponível para ocupar uma vaga de emprego ou com cadastrado em um banco de currículos, especialmente para a alta gestão. Então, os brasileiros adotaram a metodologia de empresas de RH multinacionais. O Executive Search permite por meio de uma abordagem direta, encontrar e validar estes profissionais que estão em seu melhor momento, com alto potencial de sucesso e aderência não apenas às competências técnicas, mas também comportamentais e culturais da organização contratante. Nós da Brain - Inteligência em Talentos por aliar rapidez e eficiência com a ferramenta hunting, conseguimos o alcance a 70% da população economicamente ativa. Geralmente, os perfis ideais fazem parte dos 45% dos candidatos passivos, que atuam no mercado e não procuram emprego, mas quando são abordados escutam as propostas. Além disso, a nossa busca pelo profissional também atinge os 25% dos candidatos ativos, aqueles que distribuem currículos para consultorias e sites de recrutamento. Os profissionais acessados pelos headhuntersacompanham a economia e o mercado, a grande maioria sabe desse aquecimento e do medo que as empresas têm de perdê-los. A consequência é uma hipervalorização desse profissional para um mercado que está disposto a pagar pelo melhor. As empresas pensam seriamente em rever cargos e salários para reter essas pessoas, mas sabem que não é somente o lado financeiro que segura esses talentos. Cada vez mais companhias trabalham com a possibilidade de desenvolver o profissional internamente para um plano de sucessão. Com o aumento da busca de profissionais: seja por crescimento interno da empresa ou por reposição de profissionais, a exigência que antes era somente das empresas, hoje também é do profissional que escolhe a melhor oferta. A consequência é o aumento do grau de dificuldade em atender às empresas.

RH - Quais as vantagens que um headhunter traz às organizações e aos profissionais?
Eraldo Benazzi - O headhunter é o responsável por detalhar às companhias qual é a verdadeira situação do mercado para cada posição trabalhada. Além disso, ele deve ser o responsável por levar soluções para encontrar esses talentos. As consultorias que esperam os candidatos cadastrarem-se nas vagas divulgadas e encaminham os "três melhores currículos", não estão mais fechando as posições. De cada dez posições que trabalhamos, quatro são vagas que já haviam sido trabalhadas por outras consultorias e que não conseguiram fechar. Conseguimos o sucesso através de um mapeamento da realidade do mercado, identificando candidatos em segmentos e localidades diversas, incluindo cargos, remuneração e benefícios praticados, criando a fotografia do cenário profissional, gerando um banco de dados exclusivo para o cliente. Essa pesquisa serve como ferramenta gerencial e estratégica para a empresa, onde poderá tomar realmente uma decisão fundamentada. Com o mapeamento, a empresa consegue tirar um retrato do mercado e os processos tornam-se mais estratégicos, não fabricamos candidatos, mas sim mostramos uma realidade instantânea do mercado e assim conseguimos agregar verdadeiramente um serviço consultivo ao processo. A empresa, dessa forma, prepara-se para enfrentar a concorrência, além de ajudar a identificar se há talentos na própria empresa melhores do que o mercado oferece, um overview do mercado. Para os profissionais, os headhunters são uma rica fonte de informações, desde coisas básicas em como se portar durante a entrevista ou em como fazer seu currículo, como também, obter informações e impressões sobre mercados em expansão.

RH - Quais as características do perfil profissional dos headhunters?
Eraldo Benazzi - Gostar de gente. Esse é o requisito básico e número um de quem quer ser um headhunter. Muitos profissionais entram nas consultorias por considerar uma profissão de status e bons ganhos financeiros. Mas a realidade não é bem essa. O profissional tem que ser altamente "hands on", empreendedor e resiliente. Trabalha-se muito, exige-se muita flexibilidade e estudo de mercado para poder adaptar-se à realidade de cada companhia, entendendo o modo de recrutar e analisar cada candidato pelo o olhar do gestor, do cliente. Falamos com muitas pessoas durante o dia, profissionais com a agenda tomada por compromissos e temos que ter a capacidade de adaptar nossos horários para encontrá-los. Pode ser a oportunidade única de conhecer o profissional que seu cliente necessita. Outro ponto importante é saber ouvir. As pessoas precisam contar suas histórias, profissionais e pessoais. Muitas dessas histórias são sensacionais. Lições de vida. Aprende-se muito na sala de entrevista. O headhunter deve também ter uma visão geral de mercado para que possa atuar em todos os segmentos, deve estar sempre próximo ao cliente e entender qual a necessidade e em que momento pode auxiliá-lo. Ser alguém de fácil acesso, comprometido com o trabalho e com a entrega. O headhunter deve gostar de desafios, pois a grande parte das demandas solicitadas pelas empresas são vagas de alto grau de dificuldade. O headhunter não deve nunca desistir de encontrar o melhor profissional e deve preocupar-se em ser um braço estratégico para seu cliente.

RH - Sabemos que o mercado está em um processo de permanente evolução. Esse fato trouxe mudanças significativas na forma de atuação dos headhunters?
Eraldo Benazzi - Sim. O headhunter deve ter uma atuação mais ativa. Não esperar o candidato chegar e sim buscar o candidato na fonte. Ter uma atuação mais consultiva e proativa junto aos clientes, definindo estratégias e posicionando seu cliente de forma clara. Essa mudança ocorreu pelo aumento no número de empresas de Executive Search atuando da mesma forma: aguardando candidatos. Sabemos que somente 25% da população economicamente ativa no Brasil, busca por novas oportunidades, tem seu material atualizados nos sites de anúncios de vagas e conversam com muitos headhunters. Não é mais esse profissional que as empresas querem. A solução é sermos ativos nas buscas, o que nos leva aos candidatos que hoje se encontram bem em seus empregos. Porém, quando abordados, escutam nossos clientes. Eles representam 45% da população economicamente ativa. Precisamos ser diferentes e só assim conseguiremos agregar valor ao negócio das companhias. A maior preocupação de uma consultoria deve ser o foco na entrega e a assertividade dos processos.

RH - Atualmente, quais as principais ferramentas aliadas dos headhunters?
Eraldo Benazzi - O networking continua sendo a principal ferramenta de um headhunter. Ele precisa conhecer pessoas e entender o negócio de cada um de seus clientes. A grande ferramenta que faz toda a diferença é a fundamentação dos processos com o mapeamento dos profissionais em atividade para cada uma das posições, o que nos leva a um overview de mercado com real cenário, prestando uma consultoria contundente e definitiva na hora de tomar a decisão sobre uma nova contratação, ou promoção interna e ainda treinamento e desenvolvimento de novos líderes. Para finalizar, o headhunter também deve saber navegar muito bem pelas mídias sociais, onde poderá aumentar consideravelmente seu network.

RH - As redes sociais tornaram-se recursos valiosos para os gestores de RH que buscam talentos. Para o processo de Executive Search a tecnologia também se mostra uma importante aliada?
Eraldo Benazzi - A tecnologia tornou-se uma grande aliada sim. Hoje é muito mais fácil chegar aos candidatos. Antigamente, o processo de hunting era feito na porta da empresa. Quando os profissionais deixavam suas companhias, os headhunters ficavam parados na porta da empresa abordando diversas pessoas até descobrirem o nome do profissional da área a qual estão procurando. Cada vez fica mais fácil obter referências profissionais através da internet. Conseguimos descobrir estruturas e organogramas completos através de websites e redes sociais. Todas as formas de recursos agregam valor ao trabalho de um headhunter, que precisa aumentar sua rede de contatos para poder ser consultivo.

RH - E, eventualmente, o que atrapalha o processo de Executive Search?
Eraldo Benazzi - Não estudar o mercado para o qual irá recrutar, além do envolvimento superficial com o cliente. Certamente, a falta de qualquer um desses dois básicos detalhes dificultará ainda mais a entrega dos processos e a assertividade que as empresas procuram quando buscam uma empresa de Executive Search. É de suma importância o alinhamento da posição frente a frente com os gestores responsáveis pela contratação, não gerando falsas expectativas. Não inventamos candidatos. Não criamos o currículo perfeito. Mostramos sim a realidade do mercado e, com isso, podemos tomar a melhor decisão, sempre em conjunto ao nosso cliente. Por outro lado, a falta de feedback é a reclamação número um de todos os candidatos, que já participaram de processos seletivos por intermédio de outras consultorias. Isso prejudica muito a imagem da empresa, bem como a imagem do headhunter perante o seu maior bem: o candidato, o qual poderá ser seu cliente futuramente.

RH - Que conselhos o senhor daria a um profissional de talento que recebe uma proposta de um headhunter?
Eraldo Benazzi - Cuidado número 1 - O vínculo financeiro de uma empresa de Executive Search é, sem exceção, com seu cliente e nunca com o candidato. Nunca aceite ou pague quantia alguma para umheadhunter. O trabalho de recolocação - outplacement - é pago pelo candidato, mas o trabalho de Executive Search configura a prestação de serviço por uma empresa a outra. O segundo ponto é analisar todos os aspectos de uma possível movimentação e, para isso, o candidato deve sentir-se à vontade para questionar oheadhunter e aos gestores da nova posição. Utilize a internet a seu favor: investigue dados no website da empresa, como números reportados no último ano, momento atual, crescimento esperado, entre outras informações. Indague e faça uma comparação com seu momento atual. Compare também o panorama futuro em seu emprego atual, bem como na empresa que se interessou por você, lembrando sempre: a carreira é você quem faz.

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