sábado, 21 de janeiro de 2012

O que faço se não me sinto feliz como chefe?


Por Vicky Bloch - responde
Trabalho há pouco mais de um ano em uma empresa de médio porte que está crescendo muito rápido. Há alguns meses, fui promovido a um cargo de liderança, que estou exercendo pela primeira vez. Comando uma equipe de cinco pessoas, dou treinamentos, oriento projetos e faço relacionamento com clientes, mas não me sinto à vontade com as minhas novas funções. Gostaria muito de poder voltar ao meu cargo antigo, mas sei que posso parecer ingrato e até incompetente. Ao mesmo tempo, estou muito infeliz e já pensei até em pedir demissão. O que devo fazer?
Gerente, 31 anos:
Resposta:
Você não está sozinho nessa. Em toda situação de mudança pode haver um desconforto, principalmente quando você sai de uma posição técnica para assumir a gestão de pessoas. Antes de mais nada, vamos avaliar se não se trata apenas de uma insegurança. O que te deixa desconfortável? Liderar pessoas? Fazer contato com clientes? Orientar em vez de fazer?
Não se sentir preparado é natural, mas você pode ultrapassar essa barreira e suprir essa necessidade fazendo cursos de liderança e pedindo ajuda a pessoas de sua confiança que exerçam a função de gestores de pessoas. Se o problema é o relacionamento com os clientes, lembre-se que você já tem uma parte importante para essa função que é o conhecimento técnico. Tente descobrir se você não está se boicotando e se é só a insegurança de uma nova função que está causando tanto desconforto.
Você certamente já tem muitas competências exigidas para a nova função, que precisam apenas ser aprimoradas. Não tinha que vender projetos internamente, por exemplo? Isso requer negociação e, provavelmente, você exercia a competência de influenciar os outros. Não se pode desprezar as habilidades que podem ser usadas com um maior grau de complexidade quando se dá um passo adiante na carreira.
Agora vamos admitir que essa infelicidade é realmente causada por uma questão de perfil e que você de fato não tem interesse e nem aptidão para crescer na carreira tradicional administrativa de coordenador, gerente, diretor e presidente. Nesse caso, converse com a área de recursos humanos para checar se existe a possibilidade de seguir uma carreira em Y, movimento em que o profissional é valorizado por sua expertise técnica e consegue crescer lateralmente. As empresas mais avançadas nessa prática permitem, inclusive, que um técnico de destaque e com conhecimentos fundamentais para a organização tenha remuneração equivalente à de um gerente ou diretor.
Se a sua empresa ainda não adotou esse modelo, creio que seja uma oportunidade de você abrir o jogo com o seu chefe e com o gestor de RH e sugerir que você possa se manter na função técnica, mas é fundamental que demonstre interesse em se desenvolver na carreira.
A questão é como deve ser essa conversa para que não fique a impressão de que você é acomodado. Mesmo não sendo gerente, você terá de aprimorar seus conhecimentos e desenvolver novas competências, inclusive algumas gerenciais.
De forma geral, as companhias adotam a carreira em Y para cargos fundamentais para o seu 'core business', como áreas de tecnologia ou engenharia. Em uma empresa aeronáutica, por exemplo, é fundamental reter os melhores engenheiros aeronáuticos e mantê-los em funções técnicas.
Ainda assim, saiba que essa mudança poderá ser vista por colegas e até mesmo por alguns gestores como um retrocesso. Cabe a você se destacar como especialista, aperfeiçoar-se cada vez mais e mostrar que sua decisão estava correta. Em vez de liderar pessoas, você pode mostrar que é um excelente líder de projetos.
Vicky Bloch é professora da FGV, do MBA de recursos humanos da FIA e fundadora da Vicky Bloch Associados
Esta coluna se propõe a responder questões relativas à carreira e a situações vividas no mundo corporativo. Ela reflete a opinião dos consultores e não do Valor Econômico. O jornal não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações. As perguntas devem ser enviadas para:
E-mail diva.executivo@valor.com.br

Fonte: http://www.valor.com.br/impresso/eu-carreira/o-que-faco-se-nao-me-sinto-feliz-como-chefe

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