segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Demita seu chefe

Todo dia você repara nas tarefas do seu chefe e pensa em como poderia fazer tudo isso e ainda de forma mais eficiente. Afinal, você conhece melhor as ferramentas digitais, utiliza a web com mais facilidade e aprende mais rápido. Então, o que falta para você tomar o lugar dele? Simples: reconhecimento. Seus superiores precisam ver que tem vontade (e competência) para subir de cargo. Mas já avisamos que não vai ser nada fácil. Humildade, paciência e disposição são fundamentais para quem quer se destacar sem despertar a inveja dos colegas nem ser esquecido pelo chefe. Prepare-se para ser promovido!


Já nasci pronto



Cada geração tem suas qualidades e seus defeitos. E você já deve ter reparado como profissionais da sua idade encaram os desafios do empreendedorismo de forma mais simples e prática. Bom, falta dizer isso para seu chefe. Alexandre Borin, CEO da Prestus Assistentes Virtuais, diz que é preciso reconhecer as potencialidades dos funcionários mais jovens. “Na empresa, a geração Y faz o contraponto da inovação, da simplificação, da colaboração frente aos chefes”, explica. Ele afirma que, mais do que mostrar, o profissional tem que dividir o conhecimento adquirido na faculdade e a familiaridade com novas tecnologias. Ao ensinar outros colaboradores (principalmente os de gerações anteriores), o jovem se destaca e prova que sabe trabalhar em equipe: “Esta capacidade de integrar, colaborar e aprender é o que pode realmente alavancá-los profissionalmente. Para isto, é importante colocar no papel seus objetivos de vida e manter o foco para se desenvolver”.
E isso é ainda mais importante durante uma crise, quando a empresa precisa de boas ideias para se reinventar. “Nestes momentos chaves, vai ficando claro que estes jovens colaboradores também têm condições de assumir os desafios e, portanto, ter os benefícios que os mais experientes já conquistaram”, diz Almir Peloi, sócio-diretor da Macro Auditoria e Consultoria. “Se o mesmo se sair bem nos desafios que são exigidos com freqüência, cabe a organização reconhecer o talento”, completa.
Reconhecer o talento dos profissionais com menos experiência não é tão simples para as empresas, principalmente as que não possuem metas claras e são incapazes de orientar o funcionário Y. Já as empresas que valorizam mais os resultados que a experiência não costumam ter problemas com os colaboradores mais ousados. “Onde a meritocraciapredomina, deverá ser bem reconhecido pela maioria, que vê aquele cenário como real possibilidade de crescimento, a despeito de tempo de casa. Em outras formas de se trabalhar, o profissional poderá até ser mal entendido ou mal visto, por ser diferenciado”, conclui Almir.
Ele não entende
Ok, você aprimorou seu conhecimento, “ouviu os mais velhos” e aprendeu muito mais do que a sua função requer. Mas seu chefe ainda não percebe o quanto você pode fazer pelo crescimento da empresa. Para entender o que está errado, a psicóloga Angelita Scardua, especializada em Desenvolvimento Adulto e Felicidade, diz que é preciso ter atenção com três fatores:
- Informalidade. Os jovens da geração Y tendem a fazer do local de trabalho uma extensão da própria casa. Enquanto trabalham, ouvem música, navegam na Internet, acessam redes sociais… Isso gera conflitos porque os chefes de gerações anteriores tendem a ver o ambiente de trabalho como um espaço que possui sua própria lógica de funcionamento, a qual é regida pela separação entre lazer e trabalho.
- Hierarquia. Enquanto as gerações mais velhas tendem a ser mais apegadas à hierarquia, o jovem da geração Y costuma desconsiderar esse tipo de protocolo. Há uma tendência de perceberem e tratarem as pessoas que ocupam posições hierarquicamente superiores a eles como se estivessem no mesmo nível, seja um professor ou um gerente.
- Socialização. É comum esses jovens terem dificuldades para lidar com as exigências das relações sociais no dia-a-dia do mundo profissional. Os mais velhos tendem a ser mais cuidadosos com regras de etiqueta social. Os mais jovens, por sua vez, podem parecer grosseiros no trato social, seja atendendo o celular no meio de uma conversa profissional seja não acompanhando o ritmo do convidado. Essas diferenças na forma de se relacionar socialmente podem gerar mal entendidos, levando os mais velhos a verem os mais jovens como egoístas e mal educados.
Todos esses conflitos fazem com que chefes e colegas tenham dificuldade em aceitar que o cara mais novo do escritório esteja mais preparado para ser promovido. Para Angelita, essa visão é natural, mas está mudando: “Estamos mais dispostos a aceitar que alguém no lugar de chefe seja melhor e mais capacitado do que seus colaboradores. Agora, se o “sabichão” não ocupa oficialmente um lugar destacado na hierarquia, o incômodo é geral”.
“Os jovens da geração Y tendem a fazer do local de trabalho uma extensão da própria casa” – Angelita Scardua
E agora?
Nem todas as empresas estão prontas para essa mudança de estrutura. Se a sua não está facilitando seu desenvolvimento, só há duas saídas: ou você tenta inovar esses processos aos poucos ou procura um lugar que valorize os diferenciais da sua geração. O diretor daWebSoftware, Erick Vils, diz que mudar de ares pode ser muito mais fácil. “Mudar seu líder ou chefe é bem complicado e leva tempo. Procure empresas e profissões que já possuem chefes adaptados à personalidade dos Y”, diz.
Agora, se você prefere (ou precisa) ficar onde está, o jeito é ir com calma. “Crie o ambiente, mostre os problemas e metas e deixe o trabalho fluir. Não tente ditar as regras”, recomenda Erick. Nesse caso, o segredo é se colocar ao lado daqueles que quer comandar, e nunca acima. Frederico Cesarino, engenheiro da Eletrobras e especialista em Gestão Empresarial, diz que a única forma de fazer isso é “mostrando de forma humilde que podem ser tão eficientes quanto os demais”. Além disso, é preciso coragem para mostrar à empresa “que existem diferentes maneiras para se chegar a um mesmo objetivo. E que às vezes um modo não-convencional pode ser mais eficiente e produtivo”. Depois de tudo isso, é bom se preparar, porque o desafio só começou.
“Crie o ambiente, mostre os problemas e deixe o trabalho fluir. Não tente ditar as regras” – Erick Vils

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