domingo, 8 de janeiro de 2012

O candidato é um ser humano e não uma peça de quebra-cabeças

Por Simone Cezário para o RH.com.br 


Sou profissional da área de RH, com foco em Treinamento & Desenvolvimento e Recrutamento & Seleção, e no período que fiquei em busca de recolocação tive a oportunidade de analisar como andam a estruturação e a realização dos processos seletivos e, independente do porte da empresa, consegui apontar alguns erros gravíssimos que me fez repensar, não só com candidata, mas também com profissional.

Avaliação Curricular - Participei do processo seletivo em uma grande empresa para o cargo de Analista de RH. Depois passar pelas três fases, recebi o email de agradecimento e quando solicitei o feedback com o motivo da reprovação tive uma surpresa, não fui selecionada por não ter experiência em Sistemas de Qualidade. Então, pergunto: "Onde em meu currículo diz que possuo esta experiência?". Responde: "Em lugar nenhum".

Outro caso está relacionado ao local onde resido. Em meu currículo está muito clara a informação de que moro em um bairro na Zona Leste. Pois bem, em outro processo, também depois de passar por todas as fases, não fui selecionada por morar muito longe da empresa. Então, se a distância é item eliminatório, porque me convocaram, já que a informação com o local onde moro está nítida em meu currículo?

Entrevista - Tenho comigo que a entrevista é o momento crucial na escolha do profissional a ocupar o cargo em aberto. Tive duas experiências que muito me preocuparam. A primeira foi uma entrevista com a duração de menos de 15 minutos e neste tempo a preocupação do selecionador não estava em conhecer meu perfil e sim em "vender" a vaga, saí do local sem saber o que pensar.

Em outra empresa, a última etapa de seleção foi a entrevista com o diretor. Entendo que a diretoria costuma ser extremamente ocupada, mas daí a fazer uma entrevista de qualquer modo, isso é preocupante. Pois é, no fechamento de uma vaga importante fui entrevista em 15 minutos e para piorar a situação, enquanto eu falava, o entrevistador simplesmente pegou o celular e fez uma ligação, como se eu não estivesse ali. Imaginem o nível de atenção que ele dispensou para aquela entrevista.

Falsas expectativas - Este item merece muita atenção, passei por diversos processos e em muitos deles o entrevistador deixou-me com a certeza de que havia sido escolhida. Já cheguei a ouvir em uma empresa: "Sua disponibilidade é imediata? Porque você provavelmente receberá uma ligação para trazer seus documentos esta semana". Saí cheia de expectativas e o que aconteceu? Depois de um mês, após diversas tentativas de contato, descobri que a vaga foi preenchida com outra candidata. Aí fica um ponto de atenção para os entrevistadores repensarem o modo que finalizam as entrevistas, para não alimentarem falsas esperanças.

Feedback - Selecionadores, cuidado! Se prometerem, deem retorno. Nesta minha busca por recolocação passei por sete processos e destes, somente duas empresas cumpriram o retorno, mesmo que negativo. Acredito que, pior do que omitir é não responder o candidato, porque de que adianta deixar telefone e email disponível e não responder o contato. Em outras duas empresas enviei email e até hoje não obtive resposta, ou seja, dá para concluir que menos de 50% das empresas retornam ao candidato.

Bem, acredito que estas situações são somente algumas das que acontecem durante os processos seletivos. Hoje estou recolocada, mas aprendi muito nestes dois meses de busca e, com certeza, é necessário ter em mente que o candidato não é uma simples peça que poderá ou não completar o quebra-cabeça de sua empresa e sim, é um ser humano repleto de ansiedades, expectativas e objetivos, e merecem a devida atenção e respeito. Lembrem-se que o momento da seleção é uma conquista na qual as empresas reprovam os candidatos, mas os profissionais também reprovam as organizações.

Fonte: http://www.rh.com.br/Portal/Recrutamento_Selecao/Artigo/7442/o-candidato-e-um-ser-humano-e-nao-uma-peca-de-quebra-cabecas.html

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