domingo, 15 de abril de 2012

'Experiência é a soma de nossos erros'

Claudio Marques - O Estado de S.Paulo - 20/11/2011
CEO e presidente da Chubb Seguros, Acacio Queiroz tem 63 anos e aos 11 já trabalhava - por iniciativa própria e com a permissão dos pais. E não se arrepende. Ao contrário, diz que foi de extrema importância ter começado tão cedo, sem nunca abandonar os estudos. Para ele, ganhar experiência precocemente e a frequência constante nos bancos escolares foram fundamentais para chegar ao cargo que ocupa. No posto desde 2005, comanda a filial brasileira da seguradora americana que, em terras tupiniquins, cresceu 500% nos últimos sete anos.
Por que o sr. acredita que a melhor coisa que lhe aconteceu foi ter obtido permissão para trabalhar cedo?
Porque, quando cheguei aos 18 anos, eu era um homem, minha mente já era de uma pessoa adulta e isso me ajudou muito. Hoje, para cada 100 perguntas suas eu tenho 99 respostas. Não é por ser melhor do que os outros, é porque já errei. Isso é experiência. O que é experiência? É a soma dos nossos erros.
Por que trabalhar tão cedo?
Para satisfazer os meus desejos. Eu queria ter alguns bens matérias da época, bicicleta e roupas. Naquele tempo, muita gente começava muito cedo. Então pedi licença para meus pais, eles permitiram e comecei a trabalhar numa rodoviária de Curitiba como responsável pelo guarda-volumes. Aos 14 anos, já era vendedor de passagens e, aos 16, havia me tornado gerente da agência de venda de bilhetes. E continuei sempre estudando, só que à noite, em escolas públicas, com exceção da primeira faculdade, que eu fiz na Universidade Católica Bom Jesus. Aos 18, já era trainee de uma empresa de auditoria.
Quais outras faculdades o sr. frequentou?
Cursei economia na Católica e com dois anos a mais completei administração. Depois eu fiz especialização na área financeira na Escola Superior de Negócios, uma pós graduação em negócios internacionais na Florida International University, em Miami. Eu era presidente de uma companhia em Porto Rico e aproveitei para ser aluno dessa universidade. E fiz mais algumas dezenas de outros cursos de especialização ao longo desses anos todos.
É um aprendizado constante...
O meu ponto de vista é o seguinte: o executivo nunca pode parar de aprender. Deve estudar e se atualizar constantemente. Começo o meu dia às 5 horas da manhã. Escuto rádio, leio os jornais logo cedo, vejo e TV e leio algumas revistas fora os livros técnicos. Se você estiver aprendendo, continua sempre jovem na mente. É mandatório: o executivo não tem como fugir da obrigatoriedade de estar extremamente atualizado.
Conte mais sobre sua rotina.
Durmo por volta de 23h30 ou meia-noite. Se eu dormir bem cinco horas, é o que basta. Eu sempre dormi a média de cinco ou seis horas, nunca mais do que isso. Minha rotina começa às 5h, como falei, leio até as 6h, escuto radio das 6h às 7h, me preparo, venho para a empresa, começo a rotina de trabalho que vai até as 15h. Depois eu saio para fazer as reuniões externas e não volto. Vou à academia três vezes por semana, caminho em média 25 km por semana, 100km por mês.
Uma das grandes tarefas do líder é administrar pessoas?
O sucesso do CEO está diretamente relacionado a quanto ele se dedica à administração de pessoas. Ele também tem que ter a habilidade para obter resultados e tudo mais. Agora, para que você possa fazer isso de uma forma bem efetiva, você tem que entender que na administração moderna você está muito mais para servir do que para ser servido, não interessa se você é o presidente da empresa, e também entender das características de cada uma das gerações para facilitar o diálogo e o trânsito por essas idades diferentes.
Como o sr. lida com várias gerações em sua empresa?
A liderança mudou muito. Saímos daquela situação de você ficar sentado em uma mesa com duas assistentes do lado de fora da sua sala servindo cafezinho e hoje, como diz o livro "O Monge e o Executivo", você está mais para servir como líder do que para ser servido. E essa modernidade trouxe alguns compromissos diferentes para o líder. Para que você possa liderar e fazer as pessoas crescerem - porque acho que sem isso você não é líder - você tem que entender o conflito de gerações. Porque você vai falar com a pessoa da geração Y e ela está com o IPhone, está trabalhando no computador e está prestando atenção no que você está falando. O X já é diferente, é extremamente desconfiado. Se você não tiver essas peculiaridades em mente para liderar, então fica difícil. Cerca de 40%, 50% do meu tempo é dedicado às pessoas, que, como todo mundo diz, é o maior ativo que há em uma empresa. Uma pena que as vezes fique mais na palavra do que na prática.




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