domingo, 15 de abril de 2012

Entrevista com o CEO - Juliano Marcilio, Presidente da Marketing Services da Experian América Latina

Claudio Marques para O Estado de São Paulo - 16/10/2011


Com 38 anos de idade, Juliano Marcílio está desde os 35 na presidência da Marketing Services da Experian América Latina. Ele credita seu sucesso ao aprendizado na área de recursos humanos, que lhe permitiu entender melhor as equipes, e à curiosidade e ao empenho para conhecer o funcionamento de um negócio.

Como foi sua trajetória? 

Comecei como profissional de RH para o Citibank como estagiário quando ainda estava na faculdade. Antes de completar um ano, fui efetivado na função, Mais tarde fui convidado a participar de um programa global que o Citi tinha de desenvolvimento acelerado de talentos. Como parte desse programa, em 1998 fui para Nova York e México, Graduei-me no programa e me foi oferecida a posição de diretor de recursos humanos para as operações do Citi na Itália. Fiquei um ano e pouco também, não chegou a dar um ano e meio, em Milão. Decidi voltar ao Brasil, pois estava para nascer minha filha. Voltei ainda pelo Citi, mas fui logo contratado pelo Unibanco, em 2003.

E sempre em RH?

Sim, mas houve movimentação na estrutura do banco e fui convidado a sair do RH para ocupar uma posição de planejamento estratégico e gestão de projetos estratégicos. Isso me permitiu ter uma visão mais ampliada de negócios, trabalhar com planejamento e projeto estratégicos. Em 2006, recebi convite da francesa Teleperformance, a maior empresa de contact center do mundo, para assumir o RH no Brasil. Fui e no final de 2007 a Experian, que havia comprado duas empresas aqui no Brasil - uma delas é a Serasa - me convidou para ser o "head" de RH para a América Latina. A Experian precisava de alguém para fazer a integração a integração, do ponto de vista do RH, entre as várias empresas que havia adquirido. Em menos de um ano na função, o grupo começou a expandir os serviços de marketing. Aí, em setembro de 2008, foi-me oferecida a posição de presidente do negócio.

Como você explica ter chegado tão precocemente, aos 35 anos, ao cargo de CEO? 

Acho que no mundo de recursos humanos aprende-se a entender o ser humano, que na verdade é o diferencial de qualquer companhia. Aprende-se a compreender intenções, agendas, preocupações, motivação e percebe-se, talvez muito rapidamente, que não é preciso ser detentor de todos os conhecimentos, nem o tomador de todas as decisões. Mas é preciso criar mecanismos para que as pessoas cresçam e corram riscos e tomem decisões. É preciso ser um facilitador desse exercício. Ao mesmo tempo eu tinha uma curiosidade muito grande para entender como funciona o negócio, porque se ganha dinheiro aqui e não ali. Acho que a união dessas duas coisas é que me permitiu ser escolhido quando surgiam oportunidades.

Mas a educação formal também ajuda, não? 

Foi muito curioso, porque eu sempre acreditei estar mais preparado do que efetivamente estava quando assumi a presidência. Pensava que os acertos e erros que tinha assistido de uma posição privilegiada me permitiriam uma adaptação super rápida para a função. Só que quando efetivamente se assume a responsabilidade, a situação muda de figura. Não se está mais só assistindo. Tomar ou não tomar decisões afeta diretamente o rumo do negócio. E uma das coisas que eu procurei fazer foi suprir uma eventual deficiência de entendimento que eu tivesse do ponto de vista de gestão. Então, procurei alguns programas e encontrei esse de General Management em Harvard (cursado em 2010), que foi extremamente importante. Realmente, é um divisor de águas na minha formação ou na minha capacidade de entregar resultado. Então, acho que a formação é importante, mas quando ela acontece no momento correto, quando já se percebeu a necessidade de ter essa formação. Aí, impulsiona muito mais. 

E quais são os principais desafios nesse cargo?

É preciso aliar uma visão clara de mercado, uma visão estratégica de mercado, entender o cenário, o cenário econômico, entender o novos entrantes, entender os velhos competidores para que se consiga encontrar um posicionamento estratégico adequado para a companhia. E para obter os resultados é preciso construir um time de primeiríssima linha, muito forte, motivado, direcionado. E, enfim, tomar as decisões no momento ideal para não perder oportunidades importantes.

E que conselho dá a quem pretende seguir na carreira?

Acho que o diferencial de qualquer um no começo da carreira é o conhecimento técnico e o de capacidade produtiva. Então seja qual for a área que a pessoa escolheu, ela tem que ter curiosidade, tem que aprender, ter ousadia para poder errar. E há um outro lado que também começa fazer a diferença no início da carreira: a forma como se relaciona com as pessoas. Cada vez mais, as decisões são compartilhadas, precisamos de outras pessoas para tomar a melhor decisão. À medida que se progride, este segundo elemento torna-se mais importante. Quando já se está no meio da carreira, em posição de gerência média, a pessoa vai se diferenciar não tanto pela capacidade de tomar a melhor decisão tecnicamente, mas mais pela aptidão de coordenar um grupo de pessoas considerar o que é a melhor decisão para a companhia. E quanto mais para cima você vai, menos você vai saber sobre o dia a dia da companhia, menos vai saber sobre as decisões técnicas que estão sendo tomadas, mas você precisa entender de contexto, de cenário, de relações interpessoais, de gestão de conflitos etc. O que eu sempre digo para o pessoal é você tem que ter humildade, curiosidade e empatia a sua carreira inteira. 


Fonte: http://m.estadao.com.br/noticias/impresso,um-tsunami-nas-empresas-acreditava-estar-mais-preparado-para-o-cargo-do-que-estava-tst-tem-5-mil-processos-sobre-terceirizacao-de-mao-de-obra-ampliacao-do-prazo-de-aviso-previo-para-90-dias-entra-em-vigor-em-todo-o-pais,786095.htm

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