domingo, 15 de abril de 2012

'É muito importante para o líder ser multitarefa'

O Estado de S.Paulo - 11/03/2012
Desde novembro de 2010 no comando da Arval Brasil, a empresa de leasing de veículos do grupo francês PNB Paribas, Arnault Laglaye, de 41 anos, trabalha há 17 anos no ramo e não esconde seu entusiasmo por atuar nesse setor. Para ele, é muito importante que o CEO de uma organização como a sua seja multitarefa e tenha experiência em vários setores. Na companhia desde 2006, já passou pela matriz e pelo comando da operação na Romênia antes de vir para cá. Ele não vê muita diferença entre administrar uma empresa aqui ou em seu país de origem, a França. A Arval, que atua principalmente em São Paulo, pretende dobrar de tamanho nos próximos quatro anos.
Como foi o seu começo?
Cursei a Compiègne Business School com especialização em marketing, e há 17 anos comecei a trabalhar, sempre nesta atividade, de leasing. Primeiro, na área de caminhões e depois na indústria de automóveis em diferentes companhias: Fraikin Location, ALD Automotive, e posteriormente numa subsidiária do grupo Mercedes na França, onde fiquei durante seis anos como diretor comercial especializado em locação e externalização. Em seguida, vim para a Arval.
Em que ano?
Para Arval, foi em 2006. Fiquei um ano e meio na matriz, em Paris, e depois fui transferido para a Romênia, onde estive por três anos como diretor-geral. Em novembro de 2010, vim para o Brasil.
Por quais razões você acredita que foi chamado para os cargos?
É, realmente, uma indústria muito interessante. O trabalho é muito excitante, porque fazemos diferentes atividades na mesma companhia. Precisamos ser especialistas em vendas, precisamos nos especializar em administração e finanças e, por certo, devemos nos especializar em marketing e em seminovos. A parte mais difícil de nosso trabalho é sentir esse mercado de usados, pois precisamos vender os automóveis locados para o mercado após três anos. Então, precisamos estimar qual é o preço desse carro depois desse tempo de uso. Assim, para ser um CEO é preciso entender tudo isso, entender como é que o mercado vai enxergar, quais são as movimentações financeiras e econômicas do próprio mercado, para que, no futuro, se consiga identificar quanto vai valer aquele produto. E no Brasil há muitas alterações no mercado. É por isso que é muito importante para o CEO ser multitarefa e multiatividade.
Então, antes de ser CEO, você teve experiência e desenvolveu habilidades nessas áreas?
É verdade.
Como é comandar a operação num outro país?
É mais ou menos a mesma coisa. Para mim, o Brasil é um país maduro. Não é um país jovem, ou em desenvolvimento ou emergente, é muito maduro, muito bem organizado. Então, dirigir uma companhia no Brasil é mais ou menos a mesma coisa do que na Europa. Acredito que o nível de maturidade, de negociação e de pessoal são exatamente do mesmo nível de um europeu. As pessoas aqui têm um bom background, têm boa experiência e sabem o que acontece em seu país. Então, é muito fácil ter um bom nível de negociação e de discussão.
E em relação à equipe, aos colaboradores?
O problema no Brasil é o turn over. Aqui, é muito fácil para uma pessoa sair de uma companhia para outra, enquanto na Europa o sistema é mais fixo, mais vagaroso. No Brasil, tudo é muito rápido. Então, você pode se movimentar da sua companhia para outra em poucos dias. Na Europa, esse prazo é de três meses. É totalmente diferente. Você tem que se adaptar a esses elementos.
Isso ocorre por conta da facilidade do mercado ou da lei?
A legislação no Brasil é flexível para muitas coisas e mais dificultosa para outras. É mais fácil se mudar de emprego, mas a situação é mais fechada em questões como salário, pois há dissídio e muitas coisas com as quais lidar. No próximo mês, vamos ter de adotar o relógio eletrônico de ponto, o que é totalmente contra a ideia de flexibilidade. Mas adaptar as políticas de pessoal do grupo Paribas, que tem 250 mil colaboradores no mundo, ao Brasil não é difícil, pois as pessoas são abertas.
Quais são os seus planos e os da companhia?
Eu devo ficar no Brasil por volta de cinco anos, e o desenvolvimento do Brasil é muito importante para o futuro da minha companhia. Pretendemos dobrar de tamanho nos próximos três, quatro anos./C.M.
Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,e-muito-importante-para-o-lider-ser-multitarefa-,846980,0.htm

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