terça-feira, 8 de novembro de 2011

O Rh E A Inovação Nas Empresas


Gisela Cassoy

"Inovação é uma nova idéia implementada com sucesso que produz resultados econômicos". Esta definição é de Ernest Gundling da 3M. Dá para contestar uma definição tão explícita? E quem ousaria, já que a 3M é tida como uma das empresas mais criativas do planeta?

Gundling deixa claro como a inovação é uma das principais armas para garantir a competitividade das empresas. Vejo aí uma grande oportunidade para o RH, já que há muitos aspectos de gestão de pessoas envolvidos quando o item em pauta é a inovação.

Eis um exemplo:
Recentemente, no Pão de Açúcar, um funcionário saudava amigavelmente os compradores e oferecia um pedacinho daquele lindo pêssego que estava à venda, tal qual fazem os animados feirantes.
Para um supermercado, é sem dúvida uma inovação. Saímos do paradigma das gôndolas, do auto-serviço, da impessoalidade para retornar ao velho relacionamento com a freguesia.
E qual foi provavelmente a área que contratou, treinou e motivou esse funcionário? Mais do que isso, quais teriam sido as ações do RH que estimularam a sensibilidade do colaborador com as necessidades de relacionamento, o olho no cliente e a análise de padrões de comportamento, como o da feira livre, que deram origem a essa idéia?

Fico me perguntando também qual foi o papel do RH na criação e manutenção da estrutura que permitiu com que a inovação tivesse sido não só criada, mas comunicada, aceita, testada e implementada.

Vou além. A questão não é saber quanto o RH participou de fato na concretização dessa idéia, mas perceber neste exemplo do Pão de Açúcar o quanto o RH pode ampliar sua participação.

Basta acompanhar o cotidiano das empresas, as metas desafiadoras a serem cumpridas, o constante monitoramento dos rumos e a obrigatoriedade absoluta de estarmos inseridos num empreendimento lucrativo para reconhecermos a dificuldade de se integrar na produção de inovações.

Trata-se de uma corrida perversa, pois zanzamos tanto atrás do lucro que não temos tempo nem espaço para a inovação, potencial fonte de lucratividade.

O RH pode inserir as inovações na roda sem atravessar o samba.

Como? O RH tem um papel fundamental na criação e manutenção de um ambiente que favorece a criatividade. Lembra do nosso sempre presente discurso do respeito ao ser humano, da importância da motivação, da necessidade de líderes inspiradores? Pois bem, são as inovações que trarão a possibilidade de quantificarmos seus benefícios. São as tais “novas idéias implementadas com sucesso produzindo resultados econômicos”.

E a competência dos colaboradores na geração e avaliação das idéias? Na administração do risco? Na busca de oportunidades? Desenvolvimento de competências é responsabilidade de todos e de cada um, mas é - novamente - o RH que vai colocar a mão na massa (e a mente nas decisões estratégicas) para garantir o recrutamento e/ou desenvolvimento e aplicação dessas competências.

Há muito a ser feito. No macro e no micro.

Falando sobre ações mais simples, o RH pode ser solicitado a contratar uma pessoa dita criativa que tenha um lado questionador forte e pode acabar descontentando o cliente interno. Ou pode também não ter coragem de contratar essa pessoa e assim frustrar o solicitante e as necessidades da área. Aí está uma oportunidade para se chegar a um consenso sobre a definição de “pessoa criativa” e até gerar uma discussão sobre a estratégia de inovação da empresa.

Há também o risco de se confundir inovação com modismo e criar uma cultura novidadesca para os programas de T & D, na qual o inédito é mais importante que a real necessidade da empresa ou confundir inovação com dinâmicas de alto impacto ou outras parafernálias didáticas.

Quando está em pauta a inovação, o RH exerce um papel muito maior: ampliar espaços para que as pessoas tenham como germinar as idéias que trarão lucratividade.

* Gisela Kassoy, é especialista em Criatividade e Inovação e realiza trabalhos de Consultoria, Seminários e Palestras. Trabalha para empresas como Solvay, BASF, Festo e Springer Carrier. Realizou palestras e seminários em quase todo o país, bem como nos Estados Unidos, Canadá, Alemanha, Costa Rica, México e Argentina. Graduada em Comunicações pela FAAP – SP, sua formação específica inclui especialização em Metodologia do Ensino da Criatividade na Creative Education Foundation da Universidade de Nova York em Buffalo, formação como docente do Pensamento Lateral com o Prof. Edward de Bono no Management Center Europe, na Bélgica e formação como Facilitadora de Grupos de Geração de Idéias e em Liderança Criativa no Center for Creative Leadership na Carolina do Norte. É Psicodramatista com formações em Dinâmica de Grupos na PUC/SP e na Sociedade Brasileira de Dinâmica de Grupos e em Gestão da Inovação na FGV/SP.


Fonte: http://www.rhportal.com.br/artigos/wmview.php?idc_cad=9wl2l93hs

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