quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Quando o desemprego bate à porta... O que fazer?


Quando o desemprego bate à porta... O que fazer?
17 de abril de 2009 às 00:03
Por Pollyanna Melo com assessoria - www.administradores.com.br
A crise trouxe o desemprego e muitas pessoas se preparam para a recolocação profissional. O consultor organizacional Ricardo Piovan, autor do livro "Resiliência - como superar pressões e adversidades no trabalho", ensina como enfrentar e superar o desemprego e fazer da adversidade uma oportunidade.
1. Depois de um emprego perdido, como superar tamanha dificuldade?
Ricardo Piovan - Acredito que a principal pergunta a ser respondida neste momento é: Por que fui demitido? A primeira resposta que vem na mente de um desempregado refere-se a tão falada crise. Mas a pessoa precisa cavar mais fundo nesta questão. Poderá então descobrir que a crise não é o único fator para sua condição atual, pois mesmo neste turbulento momento, algumas pessoas continuaram na organização, essas pessoas fizeram a "diferença" no trabalho que lhes foi designado.
A pergunta certa a se fazer é porque eu fui demitido e outras pessoas não? Na maioria dos casos a resposta é simples: - "Eu sou dispensável, não sou o talento que acho que sou. Minhas habilidades não são suficientes para ajudar a empresa a passar por este momento turbulento".
A resiliência - que é a capacidade de resistir a pressões e apresentar resultados positivos - vem da consciência de que preciso aprimorar meus conhecimentos e atitudes para conquistar um novo emprego e me manter neste mesmo em momentos difíceis, assim não serei apenas mais um funcionário, serei aquele com habilidades que me diferem dos demais, um funcionário indispensável principalmente em momentos de crise. Afinal, quanto mais eu souber, mais habilidades poderei desempenhar na organização para superarmos momentos conturbados.
Para as pessoas que acreditam ser um talento, não há o que temer, pois facilmente conseguirão se recolocar no mercado do trabalho, pois a ordem das organizações é atrair e reter talentos.
2. Quais os principais erros que um desempregado comete quando não possui a capacidade de ver na crise uma oportunidade?
RP - São dois os principais erros: o primeiro é entrar num processo de "vitimização" achando que é vítima de um sistema injusto e ofensivo.. O sentimento básico destas pessoas é a tristeza. Esta sensação acaba paralisando a pessoa para tomar ações eficientes para reverter o processo. O segundo erro é entrar num processo reativo compulsivo, culpando a empresa, o chefe, o governo e até os norte-americanos pela sua condição atual. A energia estabelecida neste momento é a raiva contribuindo para a pessoa tomar atitudes destemperadas e sem a
eficácia necessária para este momento.
3. Todos são resilientes?
RP - Não. Algumas pessoas nascem resilientes, ou seja, possuem esta habilidade no DNA. Outras, conquistam este predicado na infância, pois os pais de forma consciente trabalharam isto na criança. Agora, aqueles que não nasceram resilientes ou não desenvolveram esta
característica na infância, precisam trabalhar este processo na vida adulta através de leituras, treinamentos e principalmente da mudança comportamental para tornarem-se resilientes.
4. Qual a importância da resiliência no mundo organizacional? O que a empresa ganha com um profissional resiliente?
RP - Resiliência é a capacidade humana de suportar pressões e adversidades, superá-las e continuar a dar resultados positivos. Dentro de uma organização estamos todo tempo sendo pressionados por resultados, encontrando problemas que devem ser superados para alcançar a meta estabelecida, isto é, nos sentimos a todo momento dentro de uma "panela de pressão".. Alguns profissionais quando submetidos a estas condições "quebram" emocionalmente e no momento em que a empresa mais precisa deles, os resultados deixam de acontecer.
Já outros profissionais, os "resilientes" , não se abatem perante a este processo, superam-se oferecendo resultados mesmo em situações adversas, a empresa ganha - com estes funcionários - resultados, evolução e solução para os problemas diversos encontrados no dia a dia de toda organização.
5. Nos processos seletivos a resiliência é um ponto a favor? Os recrutadores procuram pessoas resilientes? Se sim, como identificar que a pessoa tem essa característica?
RP - Sim, é um ponto imprescindível para conquistar o seu emprego. Processos de recrutamento estruturados procuram medir esta habilidade colocando o candidato em alguma situação de stress ou crise, analisando a reação do profissional. Em uma situação de stress algumas pessoas simplesmente paralisam não esboçando ação, outras reclamam, mas não agem para solucionar o problema. Enquanto outras, as resilientes, farão algo para resolver o problema, isto é, com as ferramentas que tem disponível naquele momento. Atitudes de pessoas resilientes diante da busca pela solução dos problemas em processos seletivos, fazem com que elas se destaquem dos demais garantindo sua vaga de emprego.
6. Como não deixar meu estresse gerado pelo desemprego afetar minha vida pessoal?
RP - É necessário separar neste momento a vida profissional da vida pessoal, por mais difícil que isto possa parecer. Meus filhos, minha esposa, meu marido não tem nada a ver com a minha incapacidade de me manter no emprego e o que acontece neste momento é o que chamamos de projeção. A pessoa desempregada começa a projetar nas pessoas que estão próximas a ele o seu sentimento de incompetência, basta o filho tirar uma nota baixa na escola que toda fúria que estou sentindo deste processo doloroso (desemprego) , seja projetado na criança. Basta a esposa esquecer de pagar uma conta importante para a pessoa projetar suas frustrações. A dica aqui é muito simples, não descarregue os seus sentimentos nas pessoas que na verdade podem te auxiliar neste momento tão complicado, não permita que os erros deles sejam ganchos para despejar a tristeza e a raiva que você sente neste momento. Pense que o amor e a dedicação de sua família são
essências para a nova fase de
sua vida, que se inicia através da perda de seu emprego.
7. A perda de emprego pode ser resultado da falta de resiliência? Se sim, especifique.
RP - Existem vários fatores que podem levar a perda do emprego, e a falta da resiliência pode ser uma delas. Passamos por um momento turbulento onde será necessário suportar e superar as adversidades. Se um profissional não tiver esta capacidade e piorar o seu desempenho, não tenha dúvida que no primeiro corte de pessoal para reduzir custos, ele será demitido. Como toda empresa passa por momentos de crise, - independente da crise mundial que estamos vivendo - a capacidade de superar e suportar pressões é primordial.
8. Como aumentar minha capacidade de resiliência?
RP - Busque o conhecimento. Hoje existem vários livros e cursos que falam sobre o tema. Conhecendo os comportamentos das pessoas resilientes, você terá mais ferramentas para utilizar em momentos de pressões e adversidades. Resiliência é uma habilidade, e como tal,
pode ser desenvolvida; basta estudar e colocar em prática o conhecimento, tanto em sua vida profissional quanto em sua vida pessoal.
9. Uma dica para quem está empregado: Como lidar com um chefe que não incentiva os liderados a se tornarem resilientes?
RP - Aplique um feedback neste chefe falando francamente sobre os sentimentos que você tem em relação a isto. Uma conversa aberta, fora de um momento de crise, é uma ótima forma de mudar comportamentos limitantes do chefe ou do funcionário.
10. Como posso mudar com minha resiliência?
RP - As duas principais características de uma pessoa resiliente são: a decisão e a ação. Portanto, analise a situação, encontre formas diferentes e inovadoras para superar este momento. A criatividade conta muito em momentos turbulentos. Depois entre em ação, execute seu plano sempre questionando se há uma forma mais eficiente de realizar o que foi decidido.
11. Alguma dica para afastar a temida demissão?
RP - Continue se aperfeiçoando. Você precisa tornar-se um talento, uma pessoa indispensável para as próximas crises que virão. O profissional talentoso sempre se coloca em situação de aprendizado seja através de livros, cursos ou palestras, pois acredita que o conhecimento aliado a atitude assertiva o tornará um profissional tão extraordinário que será disputado pelo mercado. Desta forma, você não será mais um, será o profissional que fará a diferença dentro da organização que trabalha.
Ricardo Piovan é administrador de empresa, consultor organizacional, autor do livro "Resiliência - como superar as pressões e adversidades no trabalho" (editora Reino), é diretor da empresa Ricardo Piovan - Atitude & Comportamento e responde aos internautas pelo site

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