quinta-feira, 10 de setembro de 2009

O marketing para dentro e para fora da empresa



Ronaldo Hofmeister*

O marketing para dentro e para fora da empresa


A qualidade das pessoas que trabalham na empresa determinam o sucesso ou fracasso das mesmas. Pessoas comprometidas atingem facilmente qualquer meta ou objetivo estabelecido. As empresas devem empregar os mesmos esforços e agressividade de atrair e manter clientes também para contratar e reter os funcionários talentosos.

Uma empresa não tem apenas um tipo de marketing. Neste artigo e no próximo vamos nos aprofundar um pouco no marketing interno.

O Objetivo do Marketing interno é atrair, desenvolver, motivar e reter empregados qualificados. A meta é estimular um comportamento eficaz de marketing construindo uma organização de marketing em que todos os funcionários se transformam em clientes da empresa. Um colaborador bem informado e satisfeito com a empresa em que trabalha é o melhor agente de marketing que uma empresa pode ter. O autor Leonard Berry cita sete pontos essenciais na prática do marketing interno: concorrer pelo talento, oferecer uma idéia, preparar pessoas, trabalhar em equipe, influenciar o fator liberdade, avaliar e recompensar, conhecer o seu cliente interno. Neste número do caderno empreendedor analisaremos o concorrer pelo talento, oferecer uma idéia e preparar pessoas.

Concorrer pelo talento

 Fico me questionando por que tantos executivos colocam pessoas não qualificadas para representar sua marca. O marketing é utilizado para atrair clientes e nunca para incentivar novos talentos a se candidatarem a novas vagas na organização. Hoje existem publicações que valorizam as 100 melhores empresas para se trabalhar, que de certa forma é um posicionamento da marca favorável. O perfil do candidato deve atender as expectativas do cliente e sua contratação deve ser coerente com a atividade a ser desenvolvida. Contratar a pessoa certa para a função certa é uma tarefa para profissionais especializados, mas algumas vezes este talento pode estar dentro da empresa, promove-lo deve ser uma atitude estudada e preparada ao longo da carreira da pessoa na empresa. Improvisar ou contratar a pessoa errada pode arruinar a imagem de uma empresa.

Oferecer uma idéia

Colocar a pessoa certa no lugar certo não basta, é preciso que este colaborador prenda-se a algo na empresa, o salário não pode ser o único motivo para se trabalhar. Compartilhar da mesma visão e trabalhar pelos mesmos objetivos é fundamental. Todos devem ter uma compreensão da organização e onde sua ocupação interfere nas atividades dos outros colaboradores. Visão compartilhada não é uma idéia, é uma força no coração das pessoas e quando é cativante o suficiente para obter apoio de várias pessoas deixa de ser um sonho e passa a ser uma realidade. Uma visão é realmente compartilhada quando você e eu temos a mesma pretensão sobre determinado assunto e assumimos o comprometimento mútuo de manter este compromisso, não só individualmente, mas em conjunto. Este compartilhamento muda radicalmente a relação das pessoas com a empresa, fazendo que lutem por ela como se fosse sua empresa.

As visões compartilhadas surgem a partir de visões pessoais. A única visão capaz de motivar alguém é sua própria visão. Por isso é importante contratar pessoas que tenham uma visão à compartilhar, senão restará às pessoas simplesmente concordar com a visão dos outros. Muitas empresas preferem e desejam pessoas que pensem igual pois gera um nível de conforto alto e tensão baixa, porem esta situação não mantém a tensão criativa necessária as atividades de marketing. A organização deve incentivar e encorajar a compartilhar suas próprias visões, pois lembrem-se sempre: a visão compartilhada por todos depende da visão de cada um.  Nenhuma visão será aceita se for imposta.

Fala-se muito em vestir a camisa da empresa porem as empresas simplesmente não oferecem a camisa para seus funcionários vestirem, e algumas até exigem que você passe na “lojinha” e compre a sua. Como comprometer-se desta forma?

Comprometimento vai além da participação, é um sentimento de total responsabilidade da transformação da visão em realidade. Enquanto aquele que participa quer que a visão se realize mas fará apenas o possível o comprometido fará o impossível, nem que para isso tenha que mudar as leis. Porem para comprometer-se não é preciso ser do contra, um revolucionário negativo, pelo contrário, você deve ter um domínio pessoal e saber compartilhar as sua visão e aceitar a visão dos outros. Infelizmente a grande maioria apenas aceita a visão e a cultura da empresa o que é muito diferente das duas anteriores (participar / compremeter-se). Quem aceita é apenas um bom soldado, que segue ordens e as cumpre bem.

Preparar Pessoas

O papel dos gerentes de nível médio mudou radicalmente nos últimos anos. Antes a sua função principal era planejar, organizar e controlar, hoje, também é desenvolver pessoas. Não pensem que este profissional vai ter que fazer de tudo pensar no cliente, no colaborador, no fornecedor, no concorrente e ainda treina-lo. A verdade é que treinar não é a palavra adequada a esta situação. As empresas devem pensar em seus gerentes, coordenadores ou orientadores como desenvolvedores de pessoas. São eles que vivem o dia-a-dia junto com a grande massa  de colaboradores e são eles que sabem as necessidades da sua equipe. Após um evento negativo, uma negociação errada, um ação incorreta é a melhor hora para sentar e discutir a situação e refletir sobre os fatos. Esta reflexão leva ao desenvolvimento do ser humano que nenhuma sala de aula conseguirá. É claro que o treinamento também é necessário pois não podemos esperar somente momentos de crise para refletir. Mas a educação contínua exige dos líderes de equipe atenção máxima, para aproveitarem cada momento para sua equipe se desenvolver. Apenas recapitulando a função do líder não será de professor de sua equipe mas um facilitador de momentos de reflexão não simplesmente treinar mas desenvolver conhecimentos, habilidades e competências das pessoas para prepara-las para encarar os desafios do dia-a-dia.
As empresas cada vez mais devem inspirar o aprendizado colaborativo, por exemplo, através de listas de discussão na Internet em que cada funcionário tem um espaço para relatar suas dificuldades e todos os demais participantes podem ajuda-lo a resolver. Seguindo a idéia da visão compartilhada podemos aprender na empresa de forma compartilhada e a tecnologia permite que isto não ocorra somente na sala de aula. O aprendizado colaborativo descentraliza a educação eliminando a figura central do professor/instrutor e valoriza a participação de todos. O processo educacional fica centrado no aluno, com os aprendizes tomando frente e determinado o ritmo e a direção do processo.
Portanto preparar as pessoas não é somente marcar palestras, treinamentos e cursos mas incentivar a reflexão contínua nos colaboradores para atender melhor seus clientes.

No Próximo número vamos falar mais sobre o assunto.

*Ronaldo Hofmeister Consultor Associado da Meister Desenvolvimento Empresarial, atua nas áreas de Marketing e Vendas. Mestre em Administração pela UFSC e especialista em Marketing. Professor Universitário atuante em diversos Cursos de Pós Graduação. Consultor e instrutor do Sebrae. Produz conteúdos para Internet e educação a distância. Atuou em grandes grupos empresariais como Sodexho e ACCOR.
http://www.diferencialbr.com.br/mkt_dentro_fora.html

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