terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Empresas Neuróticas

Empresas neuróticas


Cláudio Raza*
Existem muitas definições de cultura empresarial, umas mais simples, outras mais complicadas. No fundo, é a maneira como funcionam as coisas no dia a dia das empresas, através de sua comunicação. A Comunicação Empresarial pode significar a diferença entre sentir-se à vontade e ir trabalhar contrariado. Geralmente a cultura de uma empresa é passada pelo empresário principal ativo na empresa. Isto é feito tanto conscientemente como inconscientemente. Em outras palavras a cultura empresarial são as conseqüências da maneira como a empresa é administrada; são as lideranças, são os executivos, escolhidos pelo empresário ou presidente ou quase isso; são os empregados. todos no mesmo barco fazendo a cultura da empresa. Querem mudar, mas dizem que a cultura que eles cultivam não permite. Então, pode-se concluir que eles, na verdade, não querem mudar... Ou sair de suas zonas de conforto. Em vista disso as empresas se tornam “neuróticas”, e a personalidade das pessoas em cargos de direção tem uma influência no clima empresarial e na forma de administrar as empresas. De acordo com o conceito da Professora e psicóloga, Maria Cláudia Donegá, esta influência ocorre devido a uma forma de interação chefe-subordinado, denominado “Folie à deux”, contágio mental ou loucura compartilhada. Professora Donegá também classifica as empresas “neuróticas” em: Paranóica, Compulsiva, Dramática, Depressiva e Esquizóide. Paranóicas Para que vocês possam identificar essas empresas, vamos mencionar os sintomas, conforme Professora Donegá:
O poder está centralizado no topo da hierarquia; os executivos são desconfiados e cautelosos, com relação à pessoas e aos acontecimentos; há muita frieza e racionalidade; constante preocupação em identificar perigos e desafios; é dada ênfase exagerada nos controles e serviços de informação, como também dos controles dos processos internos e do ambiente; as atitudes são relativas e a direção é muito mais decorrente de forças externas do que dos objetivos organizacionais. Os riscos dessas atitudes acarretam a distorção da realidade e as atitudes defensivas inibindo as ações espontâneas. Também nesta cultura empresarial doente, criam-se fantasias, tais como: não se pode confiar em ninguém e alguém lá fora está nos ameaçando. Compulsivas Nas compulsivas, os sintomas são: extremamente hierárquica e formal; prende-se em demasia ao ritual, as operações são planejadas com antecedência e executadas de maneira regular e pré-programada; a elaboração de regras, realização de reuniões, tudo é pré-estabelecido e formalmente documentado; é dado muita ênfase na eficácia e na padronização; perfeccionismo e preocupação com detalhes triviais; o ambiente externo precisa ser estável e sem grandes desafios; e existe uma insistência que os outros se adaptem ao seu estilo. Os riscos são: fixação pelo próprio umbigo; apego exagerado a regras e procedimentos e uma inflexibilidade a toda provam. As fantasias típicas dessas empresas são: não se pode estar à mercê dos acontecimentos e também não se pode confiar em ninguém. Dramáticas Os sintomas das dramáticas são: muito ativas, impulsiva, dramaticamente e perigosamente desinibida; possui expressão excessiva de emoções; o alto escalão centraliza o poder, restringindo o segundo escalão e preferindo executivos de personalidade dependentes; cultiva o narcisismo, atenção exagerada a si próprio; falta de capacidade de focalização e concentração; produz grande número de projetos, produtos e estratégias de mercado, não compatível entre si, uma diversificação sem coerência; o sistema de informação é ineficaz.
Os riscos são: a superficialidade; o afastamento da realidade e as reações exageradas a eventos secundários. Na sua fantasia, destaca-se a necessidade de impressionar as pessoas importantes. Depressivas Nas depressivas os sintomas são: empresa sólida e que atende a um mercado estabilizado; inerte, desconfiada, conservadora, burocrática e estreita mentalmente; há um vácuo no poder; a atmosfera é de extrema passividade e de falta de objetivos; tudo é rotineiro e pré-programado e não requer nenhuma iniciativa especial; falta de perspectiva e motivação; falta de capacidade para pensar claramente; as mudanças são pequenas e falta de competição; sentimento de inadequação. Os riscos nesse caso são: dificuldade em melhorar o desempenho; a incapacidade de decidir e a inabilidade para agir. A fantasia é: não adianta mudar, simplesmente somos incompetentes. Esquizóides Os sintomas das esquizóides são: ausência de orientação no topo; os executivos desencorajam a interação, por medo de envolvimento; a empresa é um campo de batalha político e muito jogo de poder entre os departamentos; iniciativas de um grupo são neutralizas por grupo de oposição; a estratégia organizacional é um produto de expectativas pessoais, poder em interesses políticos; é conservadora e sem objetivos organizacionais; indiferença a elogios ou críticas; desinteresse pelo presente ou futuro; aparência fria, distanciamento e não envolvimento. Os riscos são: estado de confusão e agressividade; isolamento social causando frustração. E as fantasias são: o mundo não oferece nenhuma satisfação e a relação com os outros só nos causa problemas, é melhor ficar afastado.
Após identificar em que tipo de “doença” a empresa se enquadra, pergunta-se: Como tornar minha empresa numa organização saudável? A própria Professora e psicóloga Donegá responde: “Para transformar uma organização doente em uma saudável é necessário que as mudanças ocorram internamente. E boa parte das empresas só está preparada para satisfazer as necessidades básicas das pessoas; é importante que o trabalho complemente outras necessidades”. Verificamos que as empresas têm um pouco de cada tipo que listamos aqui, e alguns deles são bons, pois funciona bem dentro do estilo das empresas, o que não se pode é perder o foco principal do negócio, o cliente e o lucro.
Cláudio Raza é Administrador de Empresas, Economista, Contador, Pós-Graduado em Gestão de Pessoas para Negócio, Professor Universitário, mais de 35 anos assessorando empresas. E-mail: c.raza@terra.com.br

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