terça-feira, 8 de junho de 2010

"Nunca demiti nenhum membro da família"

Empresas Familiares 2009 | Pedro Parente
"Nunca demiti nenhum membro da família"

Pedro Parente, vice-presidente do Grupo RBS, finalizou sua participação no Fórum Mundial de Empresas Familiares respondendo a esta e outras perguntas de Marcos Braga, presidente da HSM, e da audiência. Confira aqui os principais pontos abordados.
Como se sentiu na transição do setor público para o privado?
Eu entendia que tinha encerrado um ciclo e isso foi muito importante. Amigos meus sofreram por insistir. Crucial, também, foi reconhecer que o jogo era realmente diferente. Fui acostumado à estabilidade do setor público e, no privado, tinha de entregar resultados. Reconhecer que tinha condições de entregá-los foi importante. Nos primeiros dois anos, passei por alguma ansiedade.

A profissionalização vale para empresas de qualquer porte?
Tudo depende do estágio da empresa. A que está no início, naturalmente, depende mais do desempenho dos fundadores. À medida que evolui da primeira para a segunda geração e, especialmente, da segunda para a terceira, é fundamental que se profissionalize, independentemente do seu porte.

No Grupo RBS, os executivos que pertencem à família são avaliados?
Sim, é padrão. E todos têm o mesmo sistema de metas.

Você já demitiu algum Sirotsky?
Nunca precisei demitir nenhum membro da família, mas alguns se afastaram, porque eles e a família entendiam que deveria ser assim, mas não foi por incompetência.

Como é a definição do seu papel no grupo?
No RBS, há uma separação entre a linha editorial, de responsabilidade do Nelson Sirotsky, e a linha editorial, de minha responsabilidade. Algumas vezes saem notícias que podem afetar um ou outro anunciante. Eu recebo a reclamação do anunciante e digo que somente o Nelson pode resolver assuntos editoriais. Assim, ele fica defendido de pressões dos anunciantes. Mas 99% das solicitações são, na verdade, para não noticiar algo. Maurício, o fundador da RBS, estabeleceu que só ele poderia mudar o conteúdo. Nelson manteve essa posição –só o Maurício pode tirar. Mas, como ele está morto, ninguém mexe em nada.

Como é a preparação de familiares para assumirem posições executivas?
As regras são rígidas. Há uma idade mínima e é exigida uma sólida formação em escola internacional de primeira linha, além de experiência bem-sucedida em outras empresas. Esse profissional deve ser convidado (e não se oferecer) para uma posição que já exista na empresa. Temos, hoje, um único membro da família como executivo, e é ele que está sendo preparado para assumir minha posição. É o Eduardo Melzer.

Qual a razão de sua saída anunciada?
Motivos estritamente pessoais. O caminho natural, em 2010, seria eu assumir a presidência, o que me levaria a ficar mais quatro anos. Entretanto, isso também significaria ficar mais tempo no Rio Grande do Sul ou em Santa Catarina. Minha mulher mora em São Paulo; meus filhos, em outros lugares do País. Eu já estava vivendo na ponte-aérea e achei que seria muito para mim intensificar isso.

Você voltaria a ocupar uma posição no Governo?
Peço aos meus amigos que me internem, se eu decidir voltar.


HSM Online
19/05/2009

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