terça-feira, 8 de junho de 2010

Dilemas de família

Empresas Familiares 2009 | John Davis
Dilemas de família

No painel final de perguntas e respostas, conduzido pelo presidente da HSM, Marcos Braga, John Davis mostrou que não há soluções mágicas para as empresas familiares e sim muito trabalho e dedicação para manter família e negócio saudáveis ao longo de gerações.
Estou iniciando um processo de formação com a terceira geração da minha família, que contém oito crianças entre sete e 15 anos. É muito cedo para isso? Há outras experiências do tipo?
É quando eles são pequenos o momento certo de fazê-los entender o senso de família e de equipe familiar. Quando irmãos se entendem, se respeitam e trabalham juntos, falando de segunda geração, é mais fácil ter sucesso. A terceira geração, que envolve primos, já fica mais complicada, pois cada um mora em uma casa, aprende coisas diferentes, não mais como com os irmãos, que receberam a mesma criação em um mesmo ambiente. Por isso, a coisa mais importante é criar amizade entre eles, para que eles se conheçam antes. Na vida adulta, eles certamente não estarão de acordo em tudo, mas, se são amigos desde crianças, vão vencer esses desacordos quando adultos. Quanto a outros treinamentos, pode-se levar as crianças a visitas às empresas, desde que isso seja divertido. Aos mais velhos, mostre quantas pessoas dependem daquela empresa e também deixe sempre claro: "Isso é seu e, se você se interessar, vamos mostrar como funciona e lhe ajudar a tocar essa empresa no futuro".
Líderes longevos às vezes geram frustração para a segunda geração da família. Existe algum momento ideal para a sucessão?
Um dos pilares que mostrei é o do momento da sucessão. A expectativa de vida cresceu bem na última geração e os seniores permanecerão mais tempo na direção das empresas. Uma das coisas que não se pode fazer é perder o ímpeto do momento. A energia positiva não pode andar para trás. Há uma família na Europa em que o pai fez 71 anos e os filhos estão com 30, 40 anos. O pai tem saúde de ferro, é ótimo, todos estão de acordo que ele poderia continuar à frente dos negócios fazendo um ótimo trabalho, e ele é melhor que os dois filhos. O que ocorre é que os filhos já estão prontos, já passaram da hora, mas se frustraram e abriram mão para não se estressarem com o pai. Só que, em breve, esse patriarca não estará mais lá, e a empresa corre o risco de ser vendida por essa falta de sucessão. O segredo da sucessão não é a idade biológica do pai, mas sim a idade gerencial dos filhos. Quando eles estiverem prontos, a geração sênior deve oferecer o desafio e exigir o trabalho deles. Eu aconselho: entregue o bastão, pois é a única forma de manter o ímpeto dos herdeiros.
Empresas familiares saudáveis precisam obrigatoriamente recorrer ao capital privado em algum momento?
Boa pergunta. Há algumas que buscam capital adicional por serem forcadas em crescer, como em certas condições setoriais. Outras abrem o capital e convidam investidores por quererem crescer e ter mais oportunidades do que teriam por si só. O truque é estabelecer o equilíbrio. O fato de abrir o capital não significa que haja algum problema inerente com o capital da empresa.


HSM Online
20/05/2009

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