terça-feira, 8 de junho de 2010

Liderando a empresa familiar

Empresas Familiares 2009 | Gustavo e Adriana Cisneros
Liderando a empresa familiar

Gustavo e Adriana Cisneros, à frente de um império de mídia, falaram sobre como o respeito aos valores e às tradições, além da liberdadepara seguir os caminhos escolhidos, fazem da sucessão um sucesso em sua família.
A segunda apresentação da quarta-feira trouxe a experiência e a história do Cisneros, o conglomerado gigante de origem venezuelana que atua no ramo de comunicações e bebidas. A empresa passa por um processo de sucessão que envolve Gustavo Cisneros, presidente e membro da segunda geração, e sua filha Adriana Cisneros, que recentemente assumiu o posto de vice-presidente da companhia e se prepara ser a terceira geração no comando de dezenas de negócios e milhares de funcionários.
Fruto de uma história visionária e de sucesso, que começou 80 anos atrás quando Diego Cisneros entrou no ramos dos transportes e depois da televisão, a Cisneros Group of Companies tem toda a sua filosofia baseada nos valores da família. “Com meu pai, aprendi que a cultura corporativa precisa se basear em valores familiares fortes, com serviços de qualidade e com valor social. Aprendi que dever ser mantido o equilíbrio entre a audácia e a cautela, o controle centralizado e a autonomia operacional”, aponta Gustavo.
Ele entrou na empresa aos 25 anos em plena década de 1970, após seu pai passar por problemas de saúde, o que contrariou um pouco seus planos. Mesmo assim, fez os negócios prosperarem e encontrou seu lugar na estrutura empresarial. O que ocorre hoje é totalmente diferente: Adriana, a mais nova de seus três filhos, entra na sucessão por vocação.
“Para a transição suave entre as gerações, é preciso que um membro da nova geração sinta o chamado para isso. Meus irmãos e eu tivemos a sorte de sermos criados por pais abertos ao nosso futuro e nossa individualidade. Passei muito tempo olhando, seguindo, aprendendo e observando”, conta Adriana.

Preparação necessária
Mesmo com a visão clara de que existe uma pessoa certa para a sucessão familiar, os Cisneros afirmam que é fundamental que exista um trabalho intenso para que as coisas corram bem. A família, mesmo que harmônica, pode ter dificuldades para separar as questões de negócios das pessoais e uma consultoria externa é o que recomendam, e usaram, para administrar a questão.
“É sempre um pouco difícil essa mescla das duas relações, pois, depois que a família lhe aceita como líder, as relações deixam de ser só de irmão para irmão, ou de pai para filhos. Mas tento sempre separar essas coisas, quando o meu tempo é para minha vida pessoal, e temos conseguido”, afirma Adriana.
Para o processo de transição de Gustavo para Adriana, além de um conselho familiar composto por pais e filhos, o grupo montou um conselho que envolve executivos da empresa não relacionados à família. A ideia é que, juntos, eles possam fazer as transformações necessárias para o estilo de gestão e trabalho de Adriana.
“Nós entendemos a importância da mudança de geração. A empresa não deve ser um museu das nossas memórias pessoais. Deve evoluir aproveitando sua herança genética. A nova geração deve ter direito de mudar, mantendo o respeito aos preceitos dos ancestrais. No nosso caso são iniciativa empreendedora, ênfase em produtos de qualidade e serviço, respeito familiar e dedicação à comunidade em que estamos inseridos”, diz Gustavo sobre sua atitude frente à sucessão.
Em tempos de crise econômica, Gustavo e Adriana citaram as vantagens de ser uma empresa familiar e dinâmica. O grupo, que fez muitos negócios lucrativos comprando e vendendo redes de televisão e artigos esportivos nos últimos três anos, partilha essa característica empreendedora com grupos de capital aberto, mas se valem da vantagem de poder ter mais tempo para avaliar e realizar negócios. “Nós todos que estamos aqui, como gestores de uma empresa familiar, temos uma noção diferente do tempo, e é isso o que temos de melhor nesses tempos: nossa possibilidade de ter uma estratégia de longo prazo”.


HSM Online
20/05/2009

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