quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Visão espiritual no trabalho: autodesenvolvimento em favor da produtividade

Visão espiritual no trabalho: autodesenvolvimento em favor da produtividade


Artigo de Jair Moggi publicação interna da Caramuru - Alimentos S.A.

Um código de ética próprio, em que visão, missão e valores são respeitados por todos os colaboradores é a referência que norteia o comportamento individual e coletivo dos 2.300 funcionários que trabalham na Caramuru Alimentos- empresa processadora de grãos, de capital nacional, localizada em Itumbiara, interior de Goiás.

Com 40 anos de vida,  a empresa combina espírito empreendedor, investimentos em tecnologia e uma política de gestão de pessoas, focada na valorização de seus colaboradores. “Quem faz os resultados são as pessoas, por isso procuramos valorizar sempre nosso pessoal, desenvolvendo internamente conceitos de ética, coerência, transparência, simplicidade e respeito”, diz a diretora de Recursos Humanos e Administrativa Margareti Scarpelini.

Para elaborar o código de ética da Caramuru, a empresa investiu no resgate de sua própria história, buscando em suas origens modelos de conduta que pudessem ser implementados no ambiente corporativo, como os princípios de liderança, integridade, comprometimento, honestidade entre outros. “Fizemos entrevistas com o corpo diretivo e lideranças para levantar esses valores e construir o código de ética da empresa, que é seguido por todos os colaboradores”, explica a diretora.

Outro foco de ação nesse terreno é o constante esforço de aproximação das lideranças às respectivas equipes de trabalho, por meio de treinamentos de pessoal. Na prática, a empresa promove vivências periódicas, de onde se tiram conclusões do que é preciso melhorar; onde foram identificados os pontos de desgastes e os ajustes que devam ser processados; além da realização de reuniões mensais para repassar aos colaboradores os resultados dos negócios da empresa.

“A empresa tem por princípio valorizar seus profissionais, dando prioridade aos colaboradores no preenchimento de novas vagas e promoções”, comenta a diretora de RH, ela própria um exemplo desta política: começou na empresa há 14 anos como encarregada de Recrutamento e Seleção.

Conceito
Modelos como esse implantado na Caramuru Alimentos fazem parte de uma prática empresarial que se vem fortalecendo e, não raramente, recebe a denominação conhecida como visão espiritual no trabalho ou espiritualidade corporativa, que em sua essência não tem nada que ver com religião e misticismo.

“Essa é uma visão antroposófica, que compreende o ser humano sob os pontos-de-vista profissional, físico, emocional e espiritual”, esclarece o consultor Jair Moggi, que é também co-autor do livro “Como Integrar Liderança e Espiritualidade- A Visão Espiritual das Pessoas e das Organizações”, escrito em parceria com Daniel Burtkhard (Negócio Editora).

A partir dos anos 90, segundo Moggi, a humanidade começou a transitar pela era da consciência, com alto potencial de espiritualidade e forte preocupação com a ética. As empresas, ao acompanhar essa transformação, estão buscando modelos de governança corporativa também baseados na ética e nos valores. “Ao se trabalhar conceitos espirituais no contexto das organizações, estamos falando em elevar os níveis de consciência das pessoas e dos grupos, sem perder de vista os resultados materiais”, explica Moggi.

Na sua opinião, o ser humano que desenvolve a bondade, o amor, o livre arbítrio, a verdade, a humildade, o respeito ao outro, à vida e à diversidade é uma pessoa espiritualizada e tem  muito a contribuir no ambiente empresarial.

“As empresas que procuram desenvolver espiritualmente seus funcionários tem a produtividade aumentada porque eles ficam mais motivados, mais criativos e menos estressados”, argumenta o consultor. “O importante não é apenas crescer, mas crescer e desenvolver”.

Investir em programas e ações de responsabilidade social pode ser um sinal de que as empresas estão caminhando no sentido da espiritualidade? “Já é uma conduta”, responde Moggi, “mas só terá sentido se essa prática de cidadania organizacional estiver presente do lado de dentro das empresas também.”

Sonho, causa, valores
A Método Engenharia, de São Paulo, também adota a filosofia antroposófica para compactuar valores e princípios éticos. Recentemente a empresa substituiu os termos “visão” e “missão” por “sonho” e “causa” respectivamente, por considerar essa nova linguagem mais humana.

“O que vincula as pessoas à organização é a possibilidade de alinhar seus sonhos individuais aos da empresa”, diz o gerente de Desenvolvimento Organizacional da Método Engenharia, Roberto Mingroni.

E para descobrir a sua identidade, a Método- como a Caramuru- também foi atrás de sua biografia, da sua essência, de seu sonho. “A partir daí os valores foram revistos e revigorados, sob a égide da espiritualidade e da humanização”, afirma Mingroni.

Posteriormente, todas as informações foram passadas aos 250 funcionários da empresa por meio de workshops e dinâmicas, onde os participantes tiveram a oportunidade de se manifestar, expondo suas aspirações, idéias e sonhos.

Na opinião de Mingroni, essa “orquestração harmoniosa” é que faz a grande diferença, já que salário e benefícios estão dentro das referências do mercado.

“Percebemos um aumento no espírito de equipe, no volume de produção, no clima de motivação e na conquista de resultados”. Prova disso é que em 2001, a Método foi premiada pela revista “O Empreiteiro” como a empresa que conseguiu o maior número de contratos da construção civil no ano.

Como desenvolver a visão espiritual
Jair Moggi seleciona algumas qualidades que, se forem bem trabalhadas podem trazer importantes benefícios individuais e, conseqüentemente para o ambiente das organizações: controle do pensamento; domínio da vontade; serenidade; positividade; receptividade imparcial e equilíbrio.

Para Moggi, os caminhos para o desenvolvimento de um líder espiritualizado devem passar pelo fortalecimento do pensar, para compreender os fenômenos do mundo; do sentir, para julgar com certeza o que é justo; e do querer para interferir com coragem na vida.

E, se houver dúvida quanto à questão ética na hora de tomar uma decisão, a orientação do consultor é simples. Basta perguntar: “Esta decisão ou ação contribui para a evolução do ser humano e da humanidade?” A indagação já é um bom começo para quem está buscando a inteligência espiritual.

http://www.adigo.com.br/br/artigos.asp?mode=show&ID=125

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