quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Gestão da diversidade com alma

Benne Catanante*

Tenho acompanhado empresas serem contempladas com prêmios e reconhecimentos por empreenderem ações que levam a bandeira da diversidade como um valor organizacional. Ao observar mais profundamente quais são as intenções verdadeiras por trás das ações amplamente divulgadas como diversidade constata-se que na maioria das vezes não passam de estratégias de marketing ligadas ao fortalecimento da imagem corporativa ou da marca. Sem tirar o mérito de quem se mobiliza para dar mais conforto e mais qualidade de vida aos que necessitam de cuidados especiais no trabalho - e que ainda são chamados de deficientes pelos que se julgam normais - tratar a diversidade como um valor espiritual implica em uma reflexão mais profunda sobre esse tema.

Sendo mais explícita: Leia o jornal interno e o balanço social de sua empresa. Observe se aparecem fotos de passeata disso e daquilo, eventos dedicados a uma ou outra obra social e obviamente os patrocinadores recebendo prêmios em torno do assunto. Bem, nada contra esses registros, mas cabe observar também se os funcionários estão verdadeiramente comprometidos nessas ações e não apenas acreditando que esse é um trabalho da equipe da área social da empresa, antes de concluir que essa é uma prática espiritual, no sentido nobre do SERVIR. Outra observação que cabe mais sutil e, portanto, mais desafiadora para a maioria das organizações é verificar se de fato as diferenças são acatadas nos mais distintos graus como etnia, tradição religiosa e principalmente as questões relacionadas ao gênero, ou seja, aos psicologicamente bem resolvidos em sua homossexualidade – tanto homens quanto mulheres. Infelizmente o que se pratica ainda está muito mais no nível da caridade e do preconceito velado do que da acolhida amorosa aos diferentes porque são diferenciados em seus valores, atitudes e
modo de vida.

O que quero concluir é que não adianta tratar as pessoas que necessitam de cuidados especiais da empresa como ganhadoras de uma loteria porque tem o apoio financeiro de uma instituição forte e ao mesmo tempo excluir do perfil de contratação aqueles que não seguem os mesmos padrões estéticos e culturais do popular padrão de excelência.

Aos que comungam da crença de que cada ser humano espelha nossas grandezas e fraquezas, imagino que também estejam conscientes do trabalho imenso e ainda necessário a ser empreendido para que o respeito à diversidade seja um impulsionador à inovação e ao tratamento tão naturalmente igual que não haja motivo para destaque a esse ou aquele tipo de pessoas especiais dentro da organização. A não ser é claro tratar distintamente os que se destacam nos resultados e nas atitudes porque afinal talento que é talento naturalmente se destaca e merece ser reconhecido plenamente.

Benne Catanante é articulista do portal de leitura corporativa da Gestão e RH, escritora e professora de pós-graduação em psicologia social das organizações e em MBA de Gestão Estratégica de Recursos Humanos. benne@cciencia.com.br @BenneCatanante

http://www.gestaoerh.com.br/open.php?id_ses=51&pk=1235&fk=57

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