segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Censo quer saber a raça, mas não a escolaridade


Censo quer saber a raça, mas não a escolaridade



Enviado por Marcos Cavalcanti - 
08.08.2010
 | 
13h41m





Recebi a visita do representante do IBGE, que está fazendo o Censo, esta importante fonte de informação para a construção de políticas públicas. A entrevista estava correndo tranquila, com o uso de um moderno "palm", até a pergunta sobre a minha raça. Disse ao rapaz que esta pergunta eu não queria responder. Que ele colocasse a opção "não informada".
Mas esta opção NÃO existia! Eu TINHA que escolher entre "branco", "negro","pardo" ou "indígena". A primeira coisa que me passou pela cabeça foi porque escolheram só estas e não "australóide", "mongoloide" ou "caucasóide". Como insisti em não reponder, fui informado que se não o fizesse a pesquisa não tinha como prosseguir. O "palm" só passava para a próxima pergunta depois de marcar a opção. Me lembrei então de uma história que uma tia me contou sobre um tio avô distante que teria clinicado muitos anos (ele era médico) em tribos indígenas, e não tive dúvida: coloque aí que sou "indígena"!
Ele me perguntou então: " De que etnia?" Ficou mais complicado, mas me lembrei da minha infância vendo a TV Tupi (cujo símbolo era um indiozinho) e da visita que fiz ao museu da lingua, em São Paulo, onde tinha ficado maravilhado com a beleza das palavras em tupi-guarani e disse: "Sou tupi!".

As próximas perguntas foram se eu falava tupi ou português em casa (respondi que falava português) e se  sabia ler e escrever em português. Respondi que sim, esperando ele me perguntar qual a minha escolaridade, mas a questão não veio. Já estava imaginando como o IBGE ia lidar com meus dados: um índio, com doutorado, morando em copacabana.... Mas nada mais me foi perguntado!
Depois de conversar com amigos, estou convencido que o questionário do IBGE É RACISTA! Ele não quer saber a escolaridade dos indígenas! Por que?????? Ou então tem uma lacuna gravíssima: não pergunta a escolaridade das pessoas, esta sim uma pergunta essencial para se pensar o futuro do Brasil.

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