terça-feira, 20 de março de 2012

'Bom é pouco. Tem de ser ótimo'


18 de março de 2012 | 3h 12

O Estado de S.Paulo 
Desde o início de sua carreira na área de tecnologia, Richard Cameron, hoje com 39 anos, tinha uma meta ambiciosa: comandar a operação de uma múlti no Brasil até os 40 anos de idade. Ele realizou seu sonho bem antes e, aos 32 anos, tornou-se o country manager da fabricante de processadores NVIDIA, que estão presentes em computadores, smartphones, e tablets. Seu desafio agora, após sete anos no posto de country manager é contribuir para popularizar os tablets.
Você começou sua carreira já nesse ramo?
Eu comecei minha carreira na área de marketing educacional, para universidades e escolas. Mas, desde os 11 anos de idade, sempre tive uma paixão enorme pela área de tecnologia e vi que marketing educacional não era muito a minha praia. Um dia decidi sair da área e fui para outra empresa ganhar um terço do salário, mas sabendo que estava dentro do objetivo que tinha em mente: seguir carreira em tecnologia. Entrei, na verdade, praticamente como estagiário, numa companhia chamada Novell (empresa de softwares especializada em tecnologia de redes). E, em sete anos nessa empresa, fui de praticamente estagiário a diretor de marketing para a América Latina. Depois, passei para uma companhia que atua na área de hardware, a Silicon Graphics. É uma organização que também teve seus dias de glória, anos atrás, quando fazia aquelas super estações de trabalho de efeitos especiais para a indústria de cinema, pesquisa científica etc. Fiquei três anos na Silicon e depois vim trabalhar na NVIDIA, onde completei sete anos de casa no último dia 1º de março.
Então, são 17 anos na área de tecnologia...
Isso. E nessa área talvez eu tenha sido o country manager mais novo que se tem notícia, aos 32 anos. Country manager de uma multinacional de seis mil funcionários no mundo. Eu acho que tive uma trajetória precoce.
Como você explica essa sua trajetória?
Na verdade, desde o meu primeiro dia trabalhando como um quase estagiário lá na Novell, tracei um objetivo para mim: queria me tornar country manager de uma empresa antes dos 40 anos. Eu tracei objetivos bastante agressivos. Olhava para todos os presidentes das empresas de tecnologia multinacionais e via que todos eles tinham mais de 40 anos. E pensava: 'quero ser o presidente de uma empresa multinacional antes dos 40 anos'. Isso foi como uma meta estabelecida, e já vinha adotando medidas e posturas no meu dia a dia para contribuir para esse meu crescimento. Analisei muito o que eram políticas de gerenciamento. Também observei muito as pessoas que eram country manager. Então, sempre tive bons exemplos. E tive também um chefe, José Carlos Gouveia, de quem eu aprendi muito. Ele foi presidente da Novell e da Silicon Graphics e, hoje, trabalha na Dell. Com ele, eu aprendi muito sobre estilos de gerenciamentos, sobre administração de tempo, administração de pessoas, administração de objetivos, sobre priorização de tarefas etc. Eu fui me espelhando e eu tive, então, um momento de extrema sorte.
Qual foi?
Exatamente no momento em que saí da Silicon Graphics, a NVIDIA estava procurando uma pessoa para iniciar sua operação no Brasil. E eu, como já vinha desse mercado de computação gráfica, computação visual, me interessei. O processo de escolha já estava quase finalizado pela NVIDIA. Praticamente já havia uma decisão sobre um outro candidato, mas eu consegui demonstrar mais conhecimento da área. Também consegui demonstrar mais experiência em administrar pessoas e de desenvolver um plano de negócios de longo prazo para a empresa. Então me selecionaram. Foi um pouquinho de sorte de cair de paraquedas num processo seletivo que já estava quase finalizado. E essa sorte acabou acelerando os meus planos, porque aos 32 anos eu fui contratado para iniciar a operação da NVIDIA no Brasil. Fui o primeiro funcionário no Brasil e, durante um ano, eu ralei muito, trabalhei muito, 12 horas por dia. Sacrifiquei muito minha vida pessoal.
Qual é sua maior marca?
Minha marca maior talvez seja ao mesmo tempo uma qualidade e um defeito: é justamente minha exigência de perfeccionismo em todos os mínimos detalhes. Obviamente, nós na NVIDIA incentivamos cada um a desenvolver projetos por conta própria, mas um chefe meu falava que o bom é inimigo do ótimo, e eu não me contento com o bom. Uma coisa que eu bato muito forte é que não é suficiente ser bom, tem que ser ótimos em tudo, em todos os mínimos detalhes. Eu tenho um estilo muito perfeccionista.
Quais são seus desafios hoje?
Temos, na empresa, muitos desafios como o de popularizar cada vez mais os produtos que levam os nossos processadores. Um dos maiores projetos que estamos engajados é o de baratear os tablets no Brasil. Essa isenção fiscal que o governo concedeu aos tablets fabricados no Brasil obviamente ajuda muito. Mas queremos chegar às camadas mais populares, vendendo tablets por menos de R$ 1 mil com excelente performance e chegando a 180 milhões de brasileiros. E isso envolve iniciativas em diversas esferas, como geração de conteúdo local. Hoje, trabalhamos com empresas que vão desenvolver softwares em português brasileiro para atender essa população. Também desenvolvemos trabalho com o governo.
Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,bom-e-pouco-tem-de-ser-otimo-,850058,0.htm

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