sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Possível Planejar a Vida?


Possível Planejar a Vida?

Uma reflexão sobre carreira e futuro pela perspectiva de gestão e estratégia*Por Oscar Motomura


Cada vez mais freqüentemente eu e minha sócia na Amana-Key – a Deise – somos procurados informalmente por executivos e executivas de nosso relacionamento para conversas sobre carreira, sobre o futuro, sobre planos de vida. Outro dia, ficamos pensando sobre o porquê disso… A resposta mais óbvia seria que isso é parte natural de nossa especialidade: gestão, inovação, estratégia, planejamento, futuro das organizações… futuro de carreiras.
A outra – ainda óbvia – seria a conexão com o “Projeto Jovens” da Amana-Key, seminários gratuitos para jovens adolescentes sobre escolha profissional. A idéia seria que, na medida em que orientamos jovens sobre planejamento de carreira e vida, poderíamos também ajudar profissionais mesmo em estágios avançados de carreira; porém, a menos óbvia seria aquela que nos conecta ao nosso trabalho ligado à reinvenção de organizações. Reinvenções, transformações radicais, saltos de patamar, criação do inédito, rompimento com “receitas” do passado, o início da construção do futuro – um futuro muito diferente do hoje… Recriação de empresas, governos… reinvenção de carreiras, criação de trabalhos inéditos, a busca de um modo de viver muito diferente…
Independentemente das causas dessa demanda, parece que há algo no ar… Muitas incertezas em relação ao futuro? Uma forma de insatisfação, vaga, difícil de definir? Tudo parece estar indo bem… Mas… e a sensação de estar faltando algo? A impressão de ter alcançado um tipo de sucesso efêmero, instável, algo que não irá durar?
Neste artigo gostaria de pensar junto com os leitores sobre questões que me são feitas mais freqüentemente pelas pessoas que me procuram para trocar idéias sobre o futuro.
Vou desenvolver os temas pensando em três tipos de leitor. O primeiro é o leitor típico de Você S.A., profissionais com um mínimo de dez anos de carreira. O segundo é o jovem que está em busca de referenciais diferentes sobre o futuro. Algo diferente dos tradicionais conselhos sobre carreiras mais promissoras etc. Algo que ressoe lá dentro e não seja mais um dado no já complexo mapa de análises lógico-racionais. O terceiro tipo de leitor é o profissional que já chegou ao topo de sua carreira e está fazendo um balanço de suas realizações e pensando sobre a próxima carreira (ao invés de simplesmente se aposentar).
Por que esses três tipos de leitor? Porque lidamos com esses três públicos e eles têm muito a oferecer, um ao outro, ao evitar que se prendam nos “preconceitos” típicos de cada estágio de vida e da geração à qual pertencem.

Questão 1: Estou bem, mas…
Muitas pessoas chegam com uma sensação de que há “algo errado” nas conversas sobre carreira e futuro. Seria por que essas conversas parecem não bater com a “realidade lá fora”? Alguma relação entre “carreira de sucesso” com o que parece não funcionar na sociedade? Violência, guerras, corrupção, desigualdades, problemas em educação, saúde, meio ambiente, segurança, necessidades não-atendidas/mal-atendidas da sociedade… O que tudo isso tem a ver com “carreira”? O “algo errado” poderia ser um tipo de desconexão, alienação? Estaríamos todos nós presos num tipo de jogo que segrega, separa, fragmenta? Quantos de nós estamos conscientes de que vivemos dentro de um jogo, um megajogo; na verdade, jogos dentro de jogos, supercomplexos, cheios de paradoxos e distorções?
O “algo errado” poderia ser a sensação do jovem de que a discussão sobre profissões “que pagam mais” nada tem a ver com o que ele gostaria de fazer, a vida que gostaria de viver… O “algo errado” poderia ser a sensação do executivo, da executiva, que precisa abrir mão de seus valores, de suas convicções e até de sua ética para poder subir na carreira, para ganhar pontos no jogo político que acontece nos subterrâneos de muitas organizações. O “algo errado” poderia estar na sensação de que essa não é a vida que gostaria de estar vivendo… fazendo concessões atrás de concessões e até sendo elogiado (por quem…?) pelo seu “jogo de cintura”. O “algo errado” seria a pessoa chegar ao topo da carreira depois de anos e anos de luta e, ao chegar lá, sentir-se impotente para resolver as coisas do seu jeito… O “algo errado” é a sensação de não conseguir viver a vida que imaginara/sonhara….
O “algo errado” mais sutil seria, porém, aquilo que nosso inconsciente está captando: a sensação de estar de certa forma armadilhado num sistema, num grande faz de conta que nos impede de viver com alta qualidade interna, sem stress, sem ansiedades, sem medos, sem culpas, feliz, em paz, curtindo cada momento, absolutamente inteiros em cada relação, em cada contato, em tudo que fazemos.
É nessas horas, em que nos sentimos armadilhados pelo “sistema”, que nos fazemos perguntas de essência: O que estou fazendo com minha vida?
Para que estou fazendo tudo isso? O que efetivamente quero da vida? Obviamente, essas questões todas são também aplicáveis a organizações. Em nossos trabalhos de reinvenção de empresas, e mesmo instituições governamentais, a questão-chave é a mesma: Para que nossa organização existe? Qual nossa razão de ser? O que justifica nossa existência? Estamos armadilhados no sistema, no “grande jogo” e esquecemos de nossa razão de ser ou estamos vivendo em linha com nossos propósitos mais nucleares, sendo úteis e fazendo diferença na sociedade?
O interessante aqui é registrar que, para a organização se dispor a parar para pensar sobre essas questões de essência, é preciso que alguém dentro dela (nem sempre a pessoa no topo da pirâmide) queira fazer a reflexão acontecer. Alguém que – como pessoa e como profissional – esteja em fase de questionamento?
Mais interessante ainda é notar que, na medida em que o diálogo começa, muitas outras pessoas com questionamentos similares aparecem. São pessoas que têm instantes de reflexão mais profundos sobre o que estão fazendo. Flashes rápidos em meio ao turbilhão de coisas a fazer no dia-a-dia.
O importante aqui é dedicar tempo de qualidade para refletir sobre esses questionamentos. Não deixar que sejam tão somente flashes que vêm e que vão. É o caso de jovens que se reúnem aos fins de semana para conversar sobre o tema. Que pesquisam, conversam com especialistas, vão fundo e trazem subsídios que enriquecem os diálogos e fazem todos evoluírem. A mesma coisa com executivos e governantes. “Parar para pensar”, para questionar fundo, não se deixando levar pelos que acreditam que “não há tempo para esse tipo de coisa…” Auto-engano? Fuga? O que pode ser mais importante do que a vida?
Há alguns anos, contratamos Peter Drucker e Gary Hamel, dois expoentes internacionais do campo de gestão e estratégia, e promovemos um debate entre os dois. O trecho abaixo tem tudo a ver com o que estamos trabalhando nesta parte do artigo e poderá ajudar em suas reflexões:
Gary Hamel: “Acho que, com a profissionalização da administração e um foco quase que exclusivo nos acionistas, perdemos o senso de que as empresas são mais do que apenas negócios. Empresas existem para criar oportunidades e criar coisas que melhorem a vida das pessoas. Empresas revolucionam mercados…. Se olharmos para a História, veremos que todos os revolucionários pretendiam melhorar a vida das pessoas. Algumas vezes eles não faziam da maneira correta ou a doutrina não era apropriada, mas todos faziam uma pergunta básica: ‘Como fazer diferença neste mundo?’ Tratamos freqüentemente nossos funcionários como ‘cachorros de Pavlov’ na premissa de que, se lhes dermos os incentivos financeiros adequados, podemos conseguir que façam qualquer coisa. É assim que, para muitas pessoas, os negócios acabam se separando do resto da vida. Acho que, na maioria das vezes, nas empresas consideramos essa questão como algo técnico e não como algo que envolve emoção, comprometimento e alma. Pelo menos é o que vemos na minha própria área, pois as pessoas trazidas para lidar com questões de estratégia são economistas, engenheiros... Não encontro teólogos em minha área, mas acredito que estratégia tem muito a ver com a criação de significado e propósito. Não encontro historiadores militares em minha área, mas a estratégia deve 2000 anos de conhecimento à área militar. Pouquíssimos são antropólogos. Não fazemos a ligação, na maioria dos casos, entre os negócios e o que toca uma pessoa em seu íntimo. A responsabilidade é dos próprios executivos, mas também devo assumir parte da responsabilidade, porque nas escolas de administração não ensinamos que esse é um lado importante dos negócios.”
Peter Drucker: “Se as pessoas não acreditam na empresa, não acreditam no produto e não acreditam na contribuição da empresa, não dará certo. De onde vem essa crença? Gary mencionou o credo da Johnson & Johnson, que basicamente é um código de ética: coisas que fazemos e coisas que não fazemos. De onde vem essa crença? Em todos os casos, se fizermos um rastreamento do passado, chegaremos a uma pessoa, não necessariamente o fundador. Gary mencionou a General Electric. Seu espírito básico foi estabelecido pelo primeiro chefe do laboratório, no início do século, um físico alemão que deu um enfoque técnico à crença de como a empresa devia ser: ‘a líder em fazer a Ciência trabalhar para a Humanidade’. Enquanto essa crença persistir, tudo vai funcionar. A alma está na base da ascensão de uma de nossas principais empresas financeiras, ainda de capital fechado. Weinberg, o homem que construiu a Goldman Sachs, a principal instituição financeira privada no mundo, acreditava profundamente no empreendedor financeiro como agente não do desenvolvimento econômico, mas do desenvolvimento humano. E isso ainda caracteriza essa grande empresa e explica em grande parte por que ela atrai e mantém tantas pessoas, e perde tão poucas. Se você não tiver essa crença de que você faz diferença – que você chama de alma – a crença de que você está aqui com um propósito, que deixará um legado, que irá melhorar o mundo ou, pelo menos, criar um mundo diferente, não vejo como terá sucesso. O número de pessoas que são realmente motivadas por dinheiro é muito pequeno. Há algumas pessoas assim… todos conhecemos algumas… mas não são muitas. E, além do mais, esse é um objetivo até fácil de atingir. Mas, ao chegar lá; o que você faz com o resto de sua vida?”

Fazer diferença em quê?
Veja abaixo um excerto do estudo da WRI – World Resources Institute em conjunto com a ONU. Uma pequena amostra nos “mercados” de amanhã? Sua carreira teria algo a ver com essas projeções/constatações?
• A expansão da população nas regiões em desenvolvimento criará grandes mercados dominados por jovens.
• A riqueza global está aumentando, mas cresce a distância entre ricos e pobres.
• Milhões permanecem desnutridos em meio à abundância de alimentos.
• A expectativa de vida aumenta, mas doenças preveníveis continuam a limitar o desenvolvimento.
• A educação básica se generaliza, mas muitos não têm acesso a outras oportunidades de educação.
• A demanda crescente por energia impulsiona o desenvolvimento econômico, mas ameaça o clima global.
• Os efluentes continuam a crescer apesar da melhoria da eficiência no uso de energia e de materiais. Poluição continua a ser um desafio global.
• A produção de alimentos é a base de muitas economias, mas ameaça os ecossistemas dos quais depende.
• A água potável se torna cada vez mais escassa em meio a necessidades humanas conflitantes.
• Mais de metade dos cidadãos do mundo nunca usaram telefone, 7% têm acesso a um computador pessoal e apenas 4% têm acesso à Internet.
• Na medida em que as economias se tornam mais baseadas em serviços, as mulheres tornam-se uma parte em crescimento da força de trabalho formal.
• A sociedade civil cobra maior responsabilidade e transparência de empresas e governo.

Questão 2: Quero mudar, mas…
Na medida em que “acordamos” e saímos do modo de viver no piloto automático e ficamos conscientes do jogo que estamos fazendo, queremos mudar. Queremos fazer diferente.
Mas hesitamos. Racionalizamos… Pensamos nas coisas que perderemos… Não queremos abrir mão disto, daquilo… Seremos criticados… pessoas próximas que não irão “aprovar”… Adiamos uma vez… mais adiante, novamente… Até que um dia somos forçados a mudar… pelos acontecimentos… O jovem que, de repente, precisa começar a trabalhar mesmo antes de escolher sua profissão. O jovem executivo que vê a empresa ir para trás… O presidente que fica doente e no hospital é obrigado a pensar sobre a vida que leva e a questionar os jogos nos quais está metido…
A mesma coisa com empresas. Elas vão adiando mudanças, adiando…adiando. Até que a empresa começa a ficar no vermelho, a perder mercado. Ou então governos que vão convivendo com sistemas doentes, introduzindo uma melhoria cosmética aqui e acolá até que algo maior, “inesperado”, explode. É o equivalente à situação do executivo que só decide mudar quando já está na UTI…
Quão livres para mudar?
Em nossa experiência com empresas nestes últimos 20 anos, praticamente em 100% dos casos as pessoas sabem o que precisa ser feito. Há diagnósticos e diagnósticos ano após ano. Está nos corredores. Mas, na hora de decidir, surgem “n” obstáculos: é a “matriz” que não vai aprovar, é a lei “x” que não permite, é o acordo de acionistas que restringe, é o congresso, são as limitações financeiras que tornam impossível…etc.
No caso do jovem, é a falta de recursos, a família que não vai deixar, é a “tradição” que força etc. No caso do executivo em ascensão, são as necessidades financeiras (filhos, escola…), é o cônjuge que será contra, o mercado que está ruim etc. Até o presidente tem suas limitações: a imagem, a reputação, as bases de apoio, a “equipe que não vai entender” etc.
Quantas dessas limitações são artificiais? Até que ponto essas barreiras “externas” são barreiras “internas”: medo do risco, não saber lidar com as barreiras de forma criativa, não ter paciência/persistência de “costurar” estratégias de mudança etc.?
No fundo, sabemos que somos absolutamente livres. Podemos dirigir o curso de nossa vida para o lado que quisermos. Empresas mudam, renascem, entram em áreas novas, vão para outros países, ousam buscar a liderança mundial (caso da Embraco, de Joinville, que é a número 1 do mundo em fabricação de compressores com fábricas inclusive na China e na Itália).
Outras mudam de ramo radicalmente, como é o caso da finlandesa Nokia, que antes de se tornar líder mundial em telefones celulares, fabricava artigos de borracha – pneus, botas e celulose. Pessoas mudam de profissão: há médicos que são banqueiros, advogados que se tornaram publicitários, executivos que dirigem ONGs etc. Há pessoas que mudam totalmente o jeito de viver. Vendem suas posses, ficam a zero de financiamentos. Decidem viver de forma simples, precisando de muito pouco para os gastos do dia-a-dia. É o conceito de “simplicidade voluntária”, que restaura o senso de liberdade que as armadilhas do sistema haviam limitado.
Muita gente quer estar livre. Mas muitos também têm medo da liberdade. A questão que passa a incomodar é: o que fazer com toda liberdade. Muitos de vocês – como espectadores, diriam que essa é uma tarefa fácil. Rapidamente vocês pensariam em muitas possibilidades. Mas, e como protagonista? Seria diferente?…
No início deste ano, a Anita Roddick, a fundadora da The Body Shop visitou a Amana. Veja abaixo trecho da entrevista que gravamos com ela:
Anita Roddick: “Como proteger-se contra essa invasão de consumismo, de passividade, essa onda de não fazer nada, de ser cínico? Desafie-se. Eu desafiava tudo quando era uma criança, mesmo estando em uma escola católica, onde era muito difícil desafiar as coisas. Mas tive alguns professores fantásticos, aos quais agradeço por terem me estimulado a continuar desafiando tudo. Mas desafiei minha escola, desafiei negócios, desafiei a política. Porque nada disso importa se o coração humano não estiver envolvido.
Desafiei os negócios por só focarem o lucro, o que é pouco imaginativo. Não foca os direitos humanos, os padrões ambientais, perdas de vidas. Só foca dinheiro para um pequeno grupo de pessoas. Sempre desafiei isso.
A melhor coisa para fazer, e isso é mágico quando acontece, é encontrar dentro de você alguma coisa que causa tanta indignação em seu espírito que leva você a querer fazer algo a respeito. Não acredito muito em chegar nisso apenas lendo. Pode até ser que aconteça. Mas acredito que se chega por experiências.
Você tem muita sorte se tiver uma família que entenda isso e o estimule a participar de todos os grandes eventos, todas as grandes marchas acontecendo e o estimule a observar, ver o que acontece, ouvir o que as pessoas dizem quando saem da zona de conforto e fazem algo.
Encontre alguém, em sua vizinhança ou escola, que se sente da mesma forma. Pode ser na Igreja, pode ser um professor. Faça perguntas aos seus professores. O que os faria sair da escola e marchar? Pergunte o que os aborrece no sistema. Reúna seus tios, seus avós, seja um historiador e pergunte a seus avós o que eles gostariam de mudar, onde eles vêem mais abusos, se eles consideram isso institucionalizado ou não.
O que causa indignação em você? As favelas? A pobreza? Depois de descobrir, a coisa mais importante é educar-se a respeito. Leia tudo que houver, visite todo web site que existir a respeito. Isso pode ajudar.
Mas não espere que as coisas caiam no seu colo. É preciso agir.”

Questão 3: Tenho muitas idéias, mas…
Gostamos de ter idéias. Idéias pontuais. O que mais vejo é pessoas que pegam “ganchos” isolados e soltam grande quantidade de idéias fragmentadas, sem amarrações.
Acontece com os jovens. “Parece que a área x é a de maior futuro…” Sempre alguém tem histórias para endossar a opinião. Idéias vêm aos borbotões. Muitas conversações, muitas idéias. Poucas conclusões, poucas decisões. Quando há, são decisões sobre fragmentos.
Executivos com idéias esparsas. Que resolvem alguns aspectos. Mas não resolvem outros. Melhoram partes. Mas não o todo.
O presidente que é bombardeado por idéias de tudo quanto é lado. Para solução de fragmentos, e não para solução do todo maior, do todo integrado.

Soluções e idéias para resolver que equação?
Como dizia Einstein, o mais difícil é a montagem da equação… Em nosso trabalho com organizações, o “x” está sempre na formulação de equações que consigam integrar todas as variáveis relevantes, de modo a catalisar idéias capazes de resolver o todo, obviamente de forma integrativa (e não de forma fragmentada).
É no processo de formulação da equação que aparecem as limitações/restrições que estão embutidas em nosso modo de pensar, em nosso modo de ver o mundo. É nesse processo que aparecem nossos “preconceitos” sobre o que é possível e o que não é possível.
Por exemplo, “impossível começar um empreendimento sem dinheiro”; “impossível fazer o que gosta e ganhar bem ao mesmo tempo”; “impossível buscar o melhor para si e para todos ao mesmo tempo”; “impossível mudar a cultura de 170 milhões de brasileiros em poucos meses”.
Normalmente, a melhor equação para o contexto que estamos trabalhando (transformação na forma de viver) sempre dará a impressão de ser uma equação “absolutamente impossível” de ser resolvida.
As equações impossíveis são as melhores. São as que levam a soluções radicalmente criativas. Fico sempre impressionado em ver que tanto nas empresas como no âmbito governamental há muita timidez e conservadorismo. Há um medo do radical, do ousado. Associa-se alto risco a tudo que é radical. Entretanto, as “soluções” tímidas/conservadoras podem embutir riscos até maiores que as soluções radicais. É o risco de ir empurrando com a barriga e a coisa estourar feio lá na frente (prejuízo, perda de clientes, perda de mercado, no caso de uma empresa), paralisia crônica, explosão de problemas (violência, crime etc.) no caso de governos; jovens que entram em carreiras que não querem; executivos que vão sendo levados para trabalhos que detestam; presidentes que vêem tudo que construíram se esvair em pouco tempo, exatamente pelo medo de arriscar o que construíram…
Mas o que são “equações impossíveis”? Mais do que definir, o melhor é mostrar alguns exemplos:
 “Como assegurar que o trabalho/carreira de minha vida concilie minha vocação maior com algo que eu ame fazer, me dê excepcionais níveis de qualidade de vida (dê condições de conciliar perfeitamente as dimensões pessoal/familiar/ profissional), excelente condição econômico-financeira e seja algo contributivo de forma sustentável para a sociedade?”
 “Como assegurar que minha carreira evolua de forma sustentável e de maneira que eu não tenha que abrir mão de um só valor pessoal meu e me dê imenso senso de realização em todos os sentidos, inclusive quanto a dar significado à minha vida e ao fazer diferença na sociedade?”
 “Como assegurar que todo o meu conhecimento, minha sabedoria e minhas competências possam ser potencializadas em novos trabalhos/novos empreendimentos que me tragam grande senso de realização, excelentes níveis de retorno financeiro e excepcionais níveis de contribuição à sociedade?”
 “Como assegurar que todos os problemas existentes no país sejam erradicados até o final do ano que vem através de um grande esforço coletivo, num grande mutirão e 170 milhões de participantes genuinamente motivados/envolvidos e que dêem o melhor de si, contribuam com o melhor que têm?”

Equações impossíveis, criatividade radical
Montada a equação, idéias criativas virão. Idéias radicalmente criativas irão surgir:
• jovens inventarão novos tipos de trabalho, novas profissões; se não existirem escolas/faculdades capazes de prepará-los para esses trabalhos inéditos, eles irão atrás do que precisam onde quer que estejam, numa abordagem de autodesenvolvimento e auto-educação/autotreinamento. Construirão seu próprio plano de estudos, um conjunto de disciplinas “sob medida” para o trabalho que estão inventando. Criarão sua própria “universidade misto de virtual e presencial”. Investirão em suas inteligências múltiplas, em potencialização de sua imaginação, sua criatividade. Buscarão polir “competências duráveis” (como a capacidade de pensar estrategicamente, capacidade de fazer acontecer) e permanecerão abertos para oportunidades inéditas que o futuro trará;
• executivos irão criar carreiras híbridas antes inexistentes, criarão “embriões” de novos negócios em áreas de futuro (ecoturismo? socioturismo? nutricêutica? cosmocêutica? “edutainment”= educação + entretenimento etc.) e irão propô-las às empresas em que atuam; executivos irão trabalhar para fazer com que as empresas em que atuam tornem-se extremamente contributivas à sociedade; executivos irão propor novas práticas e novas relações que sejam ganha-ganha (conciliação do pessoal e do profissional com aumento de produtividade) etc.;
• executivos mais seniores irão criar novas profissões e novos empreendimentos em setores emergentes, abrindo novos mercados de trabalho até em parceria com jovens recém-formados etc.;
• presidente do país reinventa seu trabalho e passa a ser o motivador maior do grande mutirão que fará acontecer a “grande virada” do país a curto prazo; a mídia como grande aliado desse processo de mudança cultural e de trabalho coletivo/integrado;
• tanto os jovens como os executivos poderão querer dar um tempo antes de dar o salto para o novo. Alguns talvez irão querer passar alguns meses viajando num “sabbatical” expedicionário e só então tomar a decisão final. Esse contato com a “realidade real” (em contraposição à “realidade reportada/ relatada”) poderá ser um excelente alimentador do processo intuitivo.

Questão 4: Tenho que decidir, mas…
Estimulados pelas equações, muitos terão idéias radicalmente criativas. Mas quem decide quais implantar?
Tanto no caso dos jovens, dos executivos, do governo, o processo de decisão não será algo lógico-racional. Como o processo que um computador usaria. O momento de decisão é numa fração de segundo. A decisão, a escolha que irá emplacar será sempre intuitiva, algo muito pessoal e não “produto” de um processamento técnico.
Muitas vezes no intuitivo já temos uma decisão. Mas muitas vezes optamos, decidimos por outra coisa. Talvez aquela que as análises lógico-racionais suportam. Ou talvez aquela que nosso ego (guiado por falsos valores) escolhe e depois racionaliza, explica.
Pessoas absolutamente presentes no agora (não estão com a cabeça no passado, não são guiadas por traumas do passado e nem estão no futuro, ansiosas, com pressa ou preocupadas com o futuro, com o que ainda não aconteceu…) tendem a honrar o intuitivo, confiam e vão em frente. Decidem em fração de segundo. Muitas vezes, quando se dão conta, já decidiram e estão indo…
Se as melhores decisões fossem as definidas por análise lógico-racional, os computadores fariam tudo por nós com vantagens. O problema é que, nas situações mais relevantes, nunca temos todas as informações e nunca sabemos tudo com certeza. Há muita ambigüidade, muitas possibilidades, muitas incertezas. É nesse contexto que os seres humanos são necessários…
É o jovem (o executivo, o presidente) que aposta em seu taco e vai em frente (muitas vezes a despeito dos “conselhos” de muita gente).
O que, na verdade, dá essa autoconfiança para decidir e optar pelo intuitivo? Quando o propósito está claro, é nobre e a intenção é pelo bem comum, tudo fica mais simples. Estamos a quilômetros da situação de querer conciliar todas as variáveis, agradar a todos, buscar “médias pasteurizadas”.
Mas esse é o processo de decidir pessoal/individual. Agora, imaginem as decisões que são tomadas coletivamente. Seja na empresa ou no país, não há tempo para amadurecer o diálogo até que surja a decisão que seria o “produto nobre do grupo”. Em organizações maduras, esse é o processo de tomada de decisão em questões de essência: diálogos intensos até chegar-se a um ponto ideal que reflita a sabedoria do grupo como um todo. Em organizações disfuncionais, o “coletivo” nem existe. É um ajuntamento de pessoas com interesses diferentes, propósitos diferentes. Não há senso de comunidade. Ao contrário, a organização é pontilhada de situações de conflito de interesses. Muitas decisões nem são tomadas. Há diferentes formas de paralisia e de adiamentos crônicos. Quando as decisões são tomadas, elas acontecem em baixos níveis de consciência. São as tais “decisões pasteurizadas”, que refletem a “média aritmética” das posições que variam de 8 a 80… Muitas dessas decisões tomadas de forma “participativa” são verdadeiros “frankensteins”, que mais atrapalham do que ajudam na evolução da organização. A verdadeira/ genuína decisão participativa exige comunhão de propósitos, valores vividos de forma autêntica e princípios em linha com os propósitos em torno dos quais as pessoas podem transitar sem se perderem no periférico.
E quando se tratar de um indivíduo, uma só pessoa? Tudo fica mais fácil?
Na verdade, não. Mesmo quando é só uma pessoa decidindo sobre o caminho a seguir, é preciso levar em conta dois “Eus” que convivem dentro de cada um de nós. Um é sempre espontâneo, autêntico, verdadeiro, integrativo, cooperativo, sem medos, sem qualquer tipo de defensividade. O outro é defensivo, separatista, egoísta, competitivo. Na hora da decisão, muitas vezes este outro eu predomina e as transformações de base são sabotadas em prol da manutenção do status alcançado, do poder, dos bens materiais conquistados etc.
Mas é o eu espontâneo/autêntico/natural que intui, que na fração de segundo sabe o caminho a seguir. É ele que sabe o que fazer com a vida, como melhor vivê-la…

Questão 5: Já tomei a decisão, mas…
“Boas idéias não geram resultados. Nem boas decisões…”
É a implantação com excelência da idéia escolhida, da decisão feita, que gera resultados. Essa é a importância do fazer acontecer.
Como viver a vida? Buscando sempre o melhor, fazendo tudo “de coração”, com persistência, paciência, com atenção a sutilezas? Buscando um padrão 10 de excelência no melhor “timing”? Criatividade tática para superar os obstáculos que vão surgindo pela frente?
Sempre partindo para a ação ao invés de ficar no diagnóstico e nos planos?
É na fase de ação/implantação que os riscos surgem, se tangibilizam. É na implantação que nossas competências ficam à prova. É quando vemos em que estágio de evolução efetivamente estamos… Somos faixas-pretas ou ainda não? Somos já “profissionais de mão cheia” e até “tocamos de ouvido” (conhecimento tácito) ou ainda somos “amadores”? Somos “atletas de fim-de-semana” ou já somos “olímpicos” no que fazemos?
Competências para a transição idéia-ação
Entrevistamos recentemente Sebastião “Zumbi” Ribeiro do Nascimento, um líder comunitário de um bairro próximo a Cubatão, no Estado de São Paulo. Alguém que nós da Amana-Key unanimamente consideramos um “faixa- preta” em fazer acontecer. Como todo faixa-preta, trata- se de alguém que desenvolveu tudo que domina, através de muita, muita prática…
Zumbi: “O segredo é a união. Porque eu sozinho nada posso fazer. Mas, a partir do momento que a comunidade começa a ver que, quando se junta, consegue realizar as coisas...
Dinheiro, eu vou dizer, que é parte. Diria que é 50%. Sem ele, não dá para concluir as outras coisas. Mas eu fico pensando: a economia é uma coisa tão complexa e ela se torna mais difícil quando se coloca um economista para resolver. Eu vejo pelo menos a dona- de- casa, eu vejo minha mãe, ela não sabe nem ler o nome dela, ela vive com um salário mínimo, e eu fico impressionado... a gente consegue com R$200,00 chegar no final do mês e ainda sobrar dinheiro. Então, o que é isto? Porque ela não é economista. De repente, eu fico pensando, se ela fosse ministra da economia talvez ela conseguisse. Porque ela sabe que, com R$200,00, ela não pode fazer uma dívida de R$250,00. Porque senão ela vai chegar no final do ano e ela já se complicou e nunca mais paga a dívida. Mas ela consegue comprar o arroz, o feijão, a carne. Sustentou seis filhos. Agora, por que o economista não consegue? Porque realmente ele fez só a parte teórica. Quando ele vai fazer a prática, acaba se ‘embananando’.
A gente está ainda engatinhando. Mas a gente sente que o trabalho está crescendo. Olha, ter idéias boas, eu sempre falo isso, todo mundo tem. Ter uma idéia boa é a coisa mais fácil. Agora, tem que ter a idéia e tem que ter a ação. Por exemplo, Santos Dumont tinha a idéia de voar. Mas se ele só ficasse pensando em voar, ele nunca iria voar. Porque as asas nunca iriam sair das costas dele. Então, na verdade, todo ser humano tem boas idéias. Agora, a diferença é que tem pessoas que, às vezes nem têm uma idéia tão boa, nem é tão fenomenal, mas ele tem o espírito de ação. Então, eu costumo dizer que desde pequeno eu tive esse espírito de ação. Porque minha mãe me chamava quatro horas da manhã, para ir caçar coco no mato. Porque a gente sobrevivia de coco babaçu. Então, se você não levantasse quatro da manhã e chegasse lá cinco horas, já tinha passado outro e já tinha tirado o coco. Desde cedo, minha mãe ensinou para gente que a ação é mais importante. Ela dizia: ‘Você tem que levantar quatro da manhã, porque cinco já tem um que passou lá.’ Isso deu na gente o que é ação. Então, quando a gente pensa uma coisa : ‘Ai, é difícil...’. É, mas vamos fazer…!
Uma mensagem minha para o pessoal é aquela mensagem sempre do otimista. Eu tenho até uma frase que eu digo o seguinte: ‘Mais vale a lágrima derramada por ter perdido do que a lágrima derramada por não ter tentado.’ Então, eu acho que é essa a mensagem que eu sempre deixo para as pessoas que têm a oportunidade de passar na vida da gente, que a gente tem sempre que tentar, tentar e tentar. Na vida a gente está sempre aprendendo. A gente nunca deve dizer: ‘Ah, eu não posso isso, eu não posso aquilo.’ Principalmente nesse país, hoje, tem muita gente que diz: ‘Ah, eu vou embora deCubatão, daqui do Estado de São Paulo, que aqui não dá mais.’ A nossa cidade... nós vivemos em uma mina de ouro. Só que é uma mina de ouro... O ouro é uma coisa, um metal nobre que dá lá nas profundezas da terra. Então para você chegar nele, você tem que passar por barro, rocha, pedra. Mas você chega no ouro se você quiser. Então, nós estamos sentados aqui na nossa cidade em uma mina de ouro. O que está faltando para a gente ter os benefícios desse ouro? A gente vai ter que passar pelo barro, vai ter que passar pela lama, passar pela rocha, até chegar lá.”

Questão 6: Já estou fazendo acontecer, mas…
Sim, já fomos à frente. Estamos já em plena ação, mas a insegurança bate muitas vezes… Será que foi o movimento certo? Será que ainda dá tempo de voltar ao que era?
Ainda somos afetados por nossos medos e “dragões” ou nosso nível de autoconfiança nos faz estar concentrados em qualquer situação que surja à frente?
Processo será linear? Hesitações? Vontade de voltar à situação anterior? Criar processos para manter a chama viva? Estar com a visão do sonho, do propósito da equação a resolver sempre muito viva? Ousadia para ir criando soluções inéditas a cada desafio que for surgindo? Criando o novo em “pleno vôo”? Competências humanas, polidez, respeito para conquistar aliados no caminho?

Fazer acontecer é saber quebrar hábitos
Mesmo com a vida sob riscos, pessoas não mudam de hábitos… Estamos cercados de exemplos de pessoas que precisam mudar o que comem, precisam de exercícios, precisam alterar o modo de viver para curarem-se de doenças graves e não conseguem.
Se fizermos uma analogia disso com a reinvenção de empresas, a reinvenção do sistema de governo, é possível avaliar o desafio que representa a necessidade de mudar o “jeito de ser” e o “jeito de fazer”; ou seja, a “cultura” e hábitos de milhares de pessoas…
Mas esse é o grande desafio em gestão: fazer empresas e sociedades se anteciparem às megamudanças em processo e irem se transformando, saírem da cultura e hábitos/jeito de fazer do passado.
Isso requer competências em catalisação de mudança cultural e competências políticas (saber lidar com poder – seu e de outros). São raras as pessoas que são “faixaspretas” em mudança cultural. Pessoas capazes de fazer a necessária transformação da cultura vigente efetivamente acontecer… Não somos preparados para isso em nossas escolas e universidades…
• O jovem, aliás, tem um desafio nesse sentido: ele precisa se descondicionar de uma série de coisas adquiridas em anos de escolas para estar preparado “culturalmente” para lidar com o futuro.
• Os executivos que buscam dar uma guinada na direção de sua carreira/vida também precisarão se descondicionar, transformar seu modelo mental/suas premissas, sua visão de mundo.
Todos nós temos nossas teorias sobre tudo. Nossas crenças. Nossas premissas, conceitos. Nossos sistemas de “valores” culturais, nosso próprio “sistema” de julgar tudo ao nosso redor: o que é certo, o que é errado. Temos nossas rotulagens. Temos nossos conjuntos de “se… então…”. Temos até nossas próprias definições. Até sobre as palavras que usamos, lemos, ouvimos. E que até desencadeiam reações em nosso corpo, despertando emoções e até interferindo em seu funcionamento…
É o nosso “modelo mental”. Um modelo construído “cuidadosamente” por anos e anos desde que nascemos. Com a contribuição de todos: pais, avós, irmãos, amiguinhos, professores, tios, vizinhos e, mais tarde, o padre, mais professores e, já adultos, colegas de trabalho, chefes etc. E, é claro, as situações, nossas ações e conseqüências e a interpretação que damos a elas – obviamente já usando o “modelo mental” em vigor. Julgamos as situações como certas ou erradas, boas ou ruins e até sofremos a partir desses julgamentos. “Foi errado… deveria ter feito de outro jeito…” e assim por diante…
Mas o que é nosso “modelo mental”? É como um software que vai sendo alterado a cada dia, na medida em que vamos mudando nossas crenças, teorias etc. Pensamos através desse software e, nesse sentido, ele é – muitas vezes – um elemento que intermedeia nossas relações com tudo à nossa volta: outras pessoas, situações, a Natureza etc. Nossas crenças políticas, econômicas, religiosas etc. nos fazem analisar e julgar pessoas, situações e tudo ao nosso redor de um certo jeito…
Através desse “modelo mental” e nossa memória até analisamos o que aconteceu no passado. Através desse “modelo mental” pensamos sobre o futuro, nos projetamos nesse futuro, desenvolvemos expectativas e até desenvolvemos medos, ficamos ansiosos, tensos. Passado e futuro até interagem quando nossos “fracassos” e “sucessos” do passado condicionam nossas expectativas sobre o futuro…
Através desse “software” – com esse “modelo mental” – podemos também analisar o agora, o que vivemos instante a instante. Analisamos e julgamos como bom, ruim e até ficamos irritados, tristes, frustrados ou alegres, felizes… “artificialmente”. Por que artificialmente? Porque comparamos o que acontece com o conteúdo de nosso software e julgamos. Não é algo direto. É algo indireto. Não é o que realmente vivemos. Há uma intermediação.
E nessa intermediação até “resistimos” ao próprio agora. Não honramos aquilo que está acontecendo. Queremos que seja diferente. Ou ficamos cegos em relação àquilo que realmente está acontecendo. E saímos da realidade. Da realidade real.
Grande parte das pessoas identifica-se com o modelo mental. Inconscientemente. Ou seja, estão identificadas mas não sabem. Vivem a partir do software. Acham que são o software com aquele modelo mental. E agem a partir dele, obviamente. E criam o mundo em que vivemos: nosso modelo mental analisa o agora, fica frustrado/irritado (porque o julgamento do que está acontecendo o leva a esse estado) e age com violência… Aliás “nós” é que agimos com violência comandados pelo nosso modelo mental. O que, no fundo, significa que foi nosso modelo mental que agiu…??
Mas são nossas ações que criam o mundo em que vivemos… Ações que, por outro lado, são geradas por um modelo mental…? A equação-chave então é: Como “programadores”, o que nós podemos fazer em relação a esse modelo mental se ele não nos serve mais da melhor forma?

Questão 7: Estou bem, mas…
A pessoa já está em outro patamar. A transição está feita. Os resultados são excelentes. Finalmente fazendo diferença. Grande senso de realização. Boa qualidade de vida. Mas… também a sensação de que ainda falta muito para chegar lá… Uma longa jornada à frente. As antenas parecem captar mais e mais oportunidades de contribuição.
A vida parece valer a pena. Finalmente a sensação de estar fazendo o melhor com a vida. A sua em conexão com a de outros e com todas as formas de vida existentes.
Seja o jovem que decidiu por onde começar e já está indo em frente, seja o executivo que decidiu reinventar seu trabalho ou o governante que age com grande desprendimento e se coloca inteiramente a serviço do bem comum, ainda terão – todos eles – “um mas”…. Talvez o “mas…” só desapareça ao final da jornada, ao final desta vida…
Esse “mas…” pode ser 100% positivo se a “insatisfação” for só o ímã que leva nossa energia à frente. À frente para atender as necessidades que vão surgindo em amplitude e profundidade cada vez maiores. Oportunidades maiores de contribuição.
100% positivo se esse “mas…” não nos tirar em momento algum do agora a ser vivido (sem desvios para o passado ou para o futuro). A importância do viver totalmente cada agora.
100% positivo se conseguirmos estar – como dizemos na Amana-Key – totalmente em “Vzero”, ou seja, num estado de calma, de velocidade interna zero (ou seja, sem ansiedades, sem estresse).
100% positivo se assumirmos totalmente nossa liberdade de decidir/escolher/agir. Sempre temos a escolha, mesmo quando as coisas acontecem a nós. Podemos mudar a situação, nos afastarmos dela ou aceitá-la (ao invés de só querer que seja diferente do que está acontecendo).
100% positivo se conseguirmos estar o tempo todo em nosso melhor estado, decidindo/agindo na fração de segundo do agora, honrando o intuitivo (ao invés de deixar nosso software assumir o controle de nossas vidas pelo lado analítico/lógico/racional).
Há pessoas e organizações inteiras (empresas, comunidades) que deliberadamente decidem viver em permanente estado de transição. Gosto dessa idéia. É como vivermos em permanente estado de atenção para viver as surpresas que acontecerão a cada dia (ou hora, minuto…?). E numa “fração de segundo” poderemos mudar totalmente nosso futuro e o de milhões de pessoas. Poderemos mudar totalmente o futuro de nossas organizações e do próprio país, da sociedade maior. Isso significa que a cada segundo o futuro está sendo construído por todos nós. Esse é o mistério da vida que nos faz, de um lado, extremamente pequenos, interdependentes e humildes. E de outro, extremamente poderosos. Sua decisão e sua ação na próxima fração de segundo poderão fazer grande diferença. O que você está fazendo com sua vida?
*Oscar Motomura, diretor geral da Amana-Key, empresa especializada em inovações radicais em gestão.

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