Ler para ter sucesso

Ler para ter sucesso

Leitura é essencial para quem quiser ter sucesso profissional. Estar atualizado significa manter distância dos concorrentes

CARLOS OLIVEIRA

A busca pelo sucesso profissional é a lógica que move a maioria dos indivíduos que transitam no invisível “mercado”. Com esse objetivo, gente de inúmeras carreiras busca receitas que desvendem o segredo para ser ou estar entre os que nunca ficam desempregados. Fórmulas é o que não faltam por aí. Se dão certo, é outra história. De todas as receitas, a que é consenso entre quase todos os profissionais de sucesso, é a leitura. Ela é indispensável, dizem, sobretudo neste momento em que quem detém informações privilegiadas está quilômetros à frente dos concorrentes. De jurista a psicólogo, não há como fugir da leitura.

Marília Rabelo de Souza, psicóloga e consultora de Recursos Humanos da Enfok Pró-serviços Empresariais, diz que a leitura fornece subsídios para a formação e a atualização profissional. Para ela, quem não lê torna-se obsoleto e compromete resultados. “A leitura, portanto, é um dos instrumentos primordiais para acompanhar os acontecimentos, as novas experiências, os novos resultados; profissionais bem-informados sabem lidar melhor com as transformações, com o inesperado; estão mais aptos a tomar decisões com maior rapidez e exatidão, garantindo êxito em suas ações”, destaca.

De acordo com a psicóloga, a leitura tem duas funções primordiais. A primeira, é a básica, e a segunda, a de atualização. “O primeiro caso corresponde aos livros de autores clássicos e imprescindíveis para a própria carreira. Já o segundo, aos autores contemporâneos, com suas novas tendências. Em todos os casos, deve-se observar a relevância, os autores, os assuntos abordados e a validade do que está sendo exposto”, adverte.

Os estudantes, segundo Marília, não devem ler as mesmas coisas que os já formados. “Eles utilizam mais os textos de formação. São, de certa maneira, assuntos mais diversificados, que fazem com que se tenha uma visão geral da carreira. O profissional necessita ir além, deve buscar leituras mais específicas, que possam ser aplicadas mais diretamente em sua prática. Isso também não quer dizer que ele deixe de realizar leituras diversificadas, cabe a ele procurar pelo que considera importante, usual e interessante”, diz.

Como arranjar tempo e escolher bem as leituras

O mesmo mercado que exige informações privilegiadas, também exige dedicação e rapidez no cumprimento das atribuições. Dessa forma, surge um dos maiores empecilhos da leitura, a falta de tempo. Por conseqüência desse, aparece outro problema: escolher bem o que ler. Então, para sair desse dilema, acompanhe as sugestões de profissionais bem-sucedidos, que também lidam com a falta de tempo e nem pensam em abandonar as leituras.

O professor do MBA em Comunicação nas Organizações da Universidade Católica (UCB), Flávio Coelho, que destaca a leitura como algo vital para qualquer pessoa, diz que é preciso criar o hábito da leitura. Comece com 15 minutos por dia. Dessa maneira, diz ele, aos poucos, isso fará parte da sua rotina, como se fosse a hora do almoço.

Sobre o que escolher para ler, o professor Flávio detalha o que deve ser levado em conta. “Se for um periódico, note a linha editorial, a pertinência e a atualização dos conteúdos. Se for livros, veja o sumário, a biografia do autor e considere a recomendação de amigos que julgue inteligente”, sugere.

Combater a “cultura do desperdício”. O que o professor define como o hábito de achar que a leitura demora informar, pode ajudar a aproveitar mais o tempo para ler. Ele interpreta que a maneira como as mídias eletrônicas informam pode não ser suficiente. “Quando ouço que cerca de 60% dos brasileiros com mais de 15 anos escrevem mal, ouso dizer que pensam mal, pois a leitura, diferente da televisão, nos aproxima do concreto. Não basta saber que isso ou aquilo aconteceu, mas qual o impacto, num determinado contexto, esta informação terá sobre mim”, opina Coelho.

Na opinião da analista sênior da Diretoria de Varejo do Banco do Brasil e professora do curso de Administração da Universidade Paulista (Unip), Ivete Moreira Lopes, não é necessário uma corrida desesperada por atualização. “Mais importante que isso é assegurar uma sedimentada base teórica, muito bom senso e profissionalismo na prática. O restante vem como uma conseqüência natural”, acredita. Para solucionar a falta de tempo, Ivete faz uma sugestão bem pragmática. “Alguns dizem, e eu acredito, que reservamos sempre, nem que seja alguns minutos no dia, semana ou mês, para aquilo que realmente colocamos como importante para a nossa vida. Acho que a leitura tem que ser um prazer (e quem não encontra tempo para o prazer?). Aqueles que não pensam assim, precisam aprender a gostar”, indica.

Para escolher boas leituras, a professora Ivete acata a sugestão de amigos inteligentes. “Acho que vale a pena ver também as indicações feitas em revistas especializadas ou verificar os mais vendidos em grandes feiras. Gosto também de visitar livrarias e ler resumos dos livros, para ver o que me chama a atenção”, revela. Já Cristiano Paixão, professor adjunto da Faculdade de Direito da Universidade de Brasília (UnB), diz que o estudante ou profissional deve analisar a capacidade crítica e reflexiva dos autores selecionados. Ele que reclama a falta de hábito de pesquisa em periódicos no Brasil, entende que cada pessoa deve encontrar a melhor maneira para ler e estudar.

Veja o que ler

O professor Cristiano Paixão indica, na área do Direito Constitucional, um livro para iniciantes. “Leia Paulo Bonavides, Curso de Direito Constitucional, várias edições, Editora Malheiros, São Paulo”. Além desse, ele sugere alguns outros temas, por considerar o Direito uma carreira interdisciplinar. “Assim, pesquisas e leituras nas áreas da Filosofia Política, História, Sociologia e Antropologia são especialmente importantes para a área”.

Flávio Coelho sugere alguns periódicos e livros. Na publicidade, especificamente, existem três periódicos obrigatórios: as revistas Meio & Mensagem e About, bem como o jornal Propaganda e Marketing. As revistas semanais e os jornais locais devem ser lidos com freqüência. No que diz respeito a livros, destaco alguns autores brasileiros: José Predebon [Org. (Curso de Propaganda)]; Pyr Marcondes (Uma pequena história da propaganda brasileira); Armando Santana (Propaganda, Teoria, Técnica e Prática); Rafael Sampaio (Propaganda de A a Z); Roberto de Castro Neves (Crise Empresarial com a Opinião Pública); Pedro Bial (Roberto Marinho), Alex Periscinoto (Mais vale o que se aprende que o que te ensinam), Zeca Martins (Propaganda é isso aí).

Para os administradores, Ivete Morais Lopes indica os livros de teoria geral da administração, além das revistas Exame e HSM Management, que considera ótimas opções para atualização. O último livro que li e me sinto à vontade para indicar é A Arte do Possível, Criando Novas Possibilidades para Transformar sua Vida, de Benjamin Zander e Rosamund Stone Zander , que traz uma maravilhosa proposta de fazer avaliação”.


http://www.secom.unb.br/unbcliping/cp051004-12.htm