domingo, 5 de abril de 2009

BIZREVOLUTION - Regra dos 10 anos

Regra dos 10 anos.

"As pessoas sempre querem saber por que eu escrevo o que eu escrevo, por que eu escrevo tantas coisas terríveis e macabras. Eu gosto de dizer a elas que eu tenho o coração de um garoto... e o mantenho preso dentro de uma jarra em cima da minha mesa.". Stephen King

Querida(o) Amiga(o),

Eu quero ser um grande escritor desde que me conheço por gente.

Mas, desde que me conheço por gente me pergunto se realmente tenho alguma habilidade especial ou dom além da conta para me tornar um verdadeiro talento na escrita.

Será que sirvo para a coisa?

Não sei.

Mas fui atrás para descobrir.

Desde que me conheço por gente procuro ler e estudar a vida dos grandes autores que admiro. Será que eles nasceram com algum dom especial? Será que eles comeram alguma sopa especial quando crianças? Quais livros eles leram, quais foram suas inspirações, será que eles praticavam algum tipo de ritual para conseguir escrever?

Li a biografia de grandes autores, desde tratados sobre Shakespeare passando por Agatha Christie, Ayn Rand até Mark Twain e Fernando Sabino. Há anos assino revistas sobre a vida de grandes autores, sobre como fazer livros, blá blá blá. Leio todo tipo de entrevista e assisto a todo tipo de palestra que autores de verdade fazem por aí.

O que eu descobri?

Nenhum deles acredita que nasceu com algum dom especial.

Eles simplesmente acreditam que é preciso trabalhar duro para escrever um livro.

Muitos deles, mesmo alguns muito famosos como Stephen King, chegam a afirmar que o parto de um novo livro é tão doloroso quanto o nascimento do primeiro livro.

Não existe mágica. Não existe talento nenhum, apenas muito trabalho duro. Na biografia de Agatha Christie, que li quando tinha uns 10 anos, ela disse para uma repórter, "O quê é preciso para ser uma grande escritora? Minha cara, pela minha experiência, eu precisei de 10 anos para escrever um livro que eu considero soberbo".

Muitos anos se passaram. Uns dez anos atrás, lendo uma entrevista de Stephen King para uma revista gringa, eu escuto: "São necessários 10 anos para uma pessoa normal se transformar em um escritor que mereça ser lido por milhares de pessoas. Escreva todos os dias durante 10 anos da sua vida e provavelmente você será um escritor relevante".

10 anos. De novo.

Já fazia algum tempo que não ouvia ninguém mais mencionar a regra dos 10 anos.

Será que perdera a validade?

Nãooo, eis que a regra surge novamente.

Outliers, de Malcon Gladwell, é um livro muito bacana. Ele pertence ao time dos livros sobre negócios que ainda fazem algum sentido nos dias de hoje: livros pragmáticos que vendem idéias baseadas em pesquisas, experimentos, fatos concretos etc. De uma certa maneira, Outliers é do time do Good to Great do Jim Collins.

A palavra Outliers não tem uma tradução perfeita para o português, uma das traduções mais próximas seria Excepcional, Fora de Série etc.

O livro procura levantar a lebre sobre o que transforma um ser humano como eu e você em um cara fora de série.

É preciso nascer fora de série?

É preciso ter pais fora de série?

É preciso viver em um país fora de série?

O talento inato existe?

No início da década de 90, o psicólogo K. Anders Ericsoon e dois colegas realizaram o estudo Exhibit A numa instituição de alto nível, a Academia de Música de Berlim. Com a ajuda de professores, formaram três grupos com os violinistas da escola.

No primeiro ficaram as estrelas, os alunos que tinham potencial para se tornar solitas de nível internacional. No segundo, foram reunidos aqueles considerados apenas "bons". No terceiro, estavam os estudantes que dificilmente chegariam a tocar como profissionais, mas que pretendiam se tornar professores de música. Todos eles tiveram que responder à seguinte pergunta: ao longo da sua carreira, quantas horas você praticou?

Todos os violinistas começaram a tocar mais ou menos na mesma época, em torno dos cinco anos de idade. Nessa fase inicial, praticavam por um tempo quase idêntico - duas a três horas por semana. Por volta dos oito anos, diferenças reais começaram a surgir. Os alunos que acabariam se revelando os melhores das suas turmas passaram a se dedicar mais do que todos os outros: seis horas por semana aos nove anos, oito horas por semana aos 12 anos, 16 horas por semana aos 14 anos e, cada vez mais. Aos 20 anos, estavam praticando - isto é, tocando de forma compenetrada com o objetivo de melhorar - bem mais do que 30 horas semanais. Nessa idade, os melhores músicos, os do primeiro grupo, haviam totalizado 10 mil horas de treinamento em sua vida; os meramente bons, oito mil horas; e os futuros professores de música, pouco mais de quatro mil horas.

Ericsson e seus colegas compararam depois pianistas amadores com pianistas profissionais. Identificaram um padrão idêntico. Os amadores nunca haviam praticado mais do que cerca de três horas por semana durante a infância. Assim, aos 20 anos, totalizaram dois mil horas de prática. Os profissionais, por outro lado, foram aumentando o tempo de treinamento a cada ano até que, aos 20 anos, chegaram também a 10 mil horas.

O fato surpreendente nesse estudo é que Ericsson e seus colegas não encontraram nenhum "talento natural" - músicos que tenham sido capazes de chegar ao topo sem esforço, praticando somente uma fração do tempo dos colegas. Eles também não identificaram alunos que, embora se empenhassem mais do que os outros, não tenham conseguido ficar entre os melhores. Essa pesquisa indicou que, quando uma pessoa tem capacidade suficiente para ingressar numa escola de música de alto nível, o que a distingue dos demais estudantes é o seu grau de esforço. É exatamente isso. E mais: quem está no alto não apenas se dedica mais do que os outros - dedica-se muito mais do que os outros.

Essa regra sempre fez muito sentido para mim, e nunca saiu da minha cabeça. Agatha Christie, Stephen King, 10 anos, 10 mil horas. Coloquei esse número como meta anos atrás e comecei a escrever todos os dias.

Isso foi há mais ou menos 10 anos.

Tá chegando a minha hora.

QUEBRA TUDO! Foi para isso que eu vim! E Você?

Ricardo Jordão Magalhães
Feliz 10 anos de QUEBRA TUDO!
E-Mail e Messenger: ricardom@bizrevolution.com.br
BIZREVOLUTION

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