segunda-feira, 1 de julho de 2013

RH e a Missão Empresarial

Por Célia Maria Marcondes Ferraz Silva

Ainda ontem me surpreendi com um executivo da área de operações, responsável pela entrega de produtos em uma grande empresa, que, ao relatar a solução para um complicado problema, observou que “não fosse a iniciativa e habilidade do gerente da área de logística, a empresa teria perdido alguns milhões por não cumprir um contra-to”. embora a situação não seja nova, o executivo estava incomodado. como depender das pessoas quando os sistemas falham? no mesmo dia, outro executivo fazia o mesmo comentário às avessas. no seu caso, os sistemas igualmente falharam, mas faltou alguém que se empenhasse na solução, e o contrato não foi cumprido. já na década de 1980, Peter Drucker alertava que o futuro exigiria pessoas capazes de trabalhar com o imprevisto. outros autores definiram como “competência essencial para o futuro” um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes para não somente entregar trabalhos mecânicos e tarefas padronizadas, mas poder garantir soluções diante do imprevis-to que se transformaria em rotina. uma das formas mais eficazes para preparar pessoas para o imprevisto é deixar muito clara a missão da empresa e os principais objetivos estratégicos. parece pouco, mas entender que a missão é a razão de existir de uma empresa e que os objetivos estratégicos devem ser alcançados tendo em perspectiva essa missão pode ajudar a decidir quando os sistemas fa - lham. são inúmeros os relatos de altos executivos felizes com decisões de profissionais da linha que, se não tivessem sido tomadas, implicariam em grandes perdas de credibilidade e financeiras. ao ter que decidir sozinha, a pessoa pensou na missão. “fiz porque era o que o senhor faria, era a nossa missão, nosso compromisso maior”, disse uma encarregada de expedição que, num domingo de expediente reduzido, resolveu enviar uma peça por avião. há, contudo, algumas situações estranhas, em que a missão é clara, pois está nos progra-mas de integração conduzidos pelo RH, mas alguns dos principais executivos não agem em sintonia com o que está escrito. nesse caso, jamais podemos esperar atitudes heroicas apoiadas na missão. por essa razão, é preciso revisitar a missão de tempos em tempos com os altos executivos, verificar o entendimento que eles têm e deliberar sobre formas de agir . a missão deve explicitar qual é a necessidade de um determinado segmento de mercado que a empresa deseja atender , com que tipo de solução e qual o seu diferencial em relação à concorrência. o resultado para os acionistas, a liderança de mercado, o crescimento do lucro em relação aos anos anteriores, não devem estar contidos na missão, uma vez que fazem parte dos objetivos estratégicos. compete à área de recursos humanos zelar para que os mais altos executivos e o presidente pratiquem a missão e falem sobre o tema com as equipes. o mesmo exercício deve ser feito com os demais níveis de comando. caso contrário, será apenas uma placa de metal na recepção, que apenas uns poucos leem.

Célia Maria Marcondes Ferraz Silva é Diretora de Educação Executiva da ESPM

Fonte: http://www.profissionalenegocios.com.br/versao-online/edicao176/files/search/searchtext.xml

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